Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Culinária Japonesa para a Passagem de Ano

3 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Gastronomia | Tags: , , , , , , ,

Como em muitas culturas, a japonesa possui alguns pratos considerados quase obrigatórios para a passagem do ano. Na noite do último dia do ano costuma-se consumir um “soba” – uma massa preparada a partir do trigo sarraceno. Lá no Japão, como se trata de inverno, o “soba” pode ser preparado quente, normalmente de uma forma sóbria, a partir de um caldo de “katsuo-bushi” do peixe bonito seco, que fica extremamente duro. Dele se retira lascas finas, e com água quente se produz um dos molhos básicos da culinária japonesa, que vão dos mais caros até os populares. Existem formas diferentes do preparado do “soba”, desde os mais sofisticados até os mais simples, com variações regionais, mas o elegante é manter uma atitude sóbria, quase zen, no final do ano.

Na América do Sul, predominantemente tropical, pode-se consumir frio ou gelado, como é feito no verão japonês, na forma do “zaru soba”. Utiliza uma pequena esteira, conhecida como “zaru”, para se retirar a água ou separar do gelo. Costuma-se utilizar um pouco de “nori” feito de algas, um pouco de “wasabi”, um tipo de raiz forte, e mesmo cebolinha picada. Existem algumas variedades de “soba” que levam o sabor do chá ou de outros apreciados pelos japoneses.

Na manhã do primeiro dia do ano costuma-se tomar o “ozooni”, que é um cozido preparado por ingredientes que se dispõe no inverno. Costuma ter como molho dois outros elementos básicos da culinária japonesa, o “kombu”, uma alga marinha seca, e o “shitake” seco, que é um cogumelo conhecido. Como os japoneses têm como religião oficial o Shintoismo, mas sofrem uma forte influência Budista, este prato não costuma levar carnes, mas existem os que utilizam aves. Costuma-se utilizar nabos e cenouras, que são cortados de forma que imitam a flor de cerejeiras, acompanhados de “ague”, um “tofu” – queijo de soja frito e transformado quase em conserva. Utiliza-se, também, uma espécie de pão, quase biscoito, chamado “fu”. Alguns utilizam o “kamaboko” ou “tchikua”, feito a partir de uma massa que inclui peixe. Tudo é decorado de forma festiva.

O que não pode faltar é o “mochi”, um bolinho de arroz especial, mas com mais elasticidade (simbolizando vida longa), que é feito num pilão, envolvendo os familiares e amigos, na véspera. No inverno, este “mochi” que é utilizado para diversas finalidades, como reverenciar os antepassados, fica logo duro. Normalmente, é grelhado até quando sua parte interna acaba saindo macia, deixando uma crosta ligeiramente torrada.

Os japoneses mais conservadores dizem que os que não comeram estes pratos, não passaram para o novo ano. “Shinnem omedetô gosaimassu”, parabéns pelo Ano Novo, que é do Tigre, do calendário chinês.



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