Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Presença Mundial da Coréia

8 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Empresas | Tags: , , , , , , , | 4 Comentários »

Quando se fala do Extremo Oriente na América do Sul há uma lamentável distorção, comentando-se mais sobre a China ou o Japão, como em muitos textos deste site. Mas o que está se destacando hoje é a Coréia, com as marcas Samsung, Hyundai e LG, as mais famosas chaebol (versão coreana do zaibatsu japonês, grandes grupos de origem familiar, como a Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo e outros), no cotidiano dos sul-americanos. Hoje, ficou mais difícil para os próprios descendentes de asiáticos diferenciar quem é de origem chinesa, japonesa ou coreana, pois todos estão usando “grifes” famosas e comendo “sashimi e sushi”.

A revista norte-americana, Business Week, publicou um artigo informando que estes gigantes não foram afetados pela recente crise mundial. Seus produtos eletrônicos e autos estão cada vez mais presentes nos mercados mundiais. A Samsung já é a maior produtora de telas planas do mundo, tanto para TV como de computadores, e a LG a de celulares, até as mais sofisticadas, e estão sendo vendidas em lojas de descendentes de japoneses. Como os artigos da culinária japonesa, em lojas de chineses e coreanos.

Autoridades japonesas notaram que na imprensa diária brasileira os anúncios de pagina inteira da Hyundai são constantes. E ficaram impressionados que os principais gabinetes de Ministros e até do Presidente, em Brasília. Todos estão equipados com produtos coreanos, explicitamente, com suas logomarcas. Uma grande rede de lojas especializadas em produtos de alta qualidade deixa clara a agressividade comercial destas empresas coreanas. Seus novos produtos são lançados em São Paulo simultaneamente com Seul e as grandes capitais mundiais.

Este é um processo histórico que se repete. Antes da Segunda Guerra Mundial os produtos norte-americanos eram os considerados os que proporcionavam o status, inclusive na Ásia. Logo após o término do conflito os produtos japoneses eram considerados de baixa qualidade e preços baixos. Depois do chamado “milagre econômico japonês” eles passaram a ser símbolos de qualidade, enquanto os demais asiáticos eram considerados inferiores. Era a época que os brasileiros brincavam com os japoneses, usando a expressäo: “garantido, no ?”

Com o tempo, os produzidos pelos coreanos e taiwaneses passaram ser admitidos como de qualidade e preços competitivos, enquanto os chineses ainda são considerados modestos. No entanto, muitos produtos considerados entre os de boa qualidade, estão utilizando componentes produzidos na China, aproveitando salários baixos e um câmbio favorável. E muitos analistas pedem para prestar atenção ao Vietnã, que está se tornando um “tigre asiático”. Assim, é melhor chamar os produtos da Sony ou Panasonic de asiático.

Devemos lembrar que os chineses acabaram comprando a Volvo. Para chegar a vez dos sul-americanos é preciso lembrar que todos os asiáticos investiram muito na educação e nas pesquisas, o que continuam fazendo. Os japoneses, apesar de contar com bons produtos não se orientam tanto pelas preferências dos consumidores de cada país. Se a Embraer consegue produzir aviões competitivos para mercados específicos, por que os japoneses ainda não conseguiram? Mas, também, os japoneses acabaram assumindo o controle da norte-americana Westinghouse, cujas usinas atômicas só contavam com componentes da Toshiba.

São assuntos que merecem um pouco de meditação, se pretendemos se tornar um continente que esteja presente no mundo globalizado.


4 Comentários para “Presença Mundial da Coréia”

  1. Dino
    1  escreveu às 07:50 em 18 de agosto de 2010:

    A Coreia do Sul criou um programa para investir uma porcentagem mais elevada do PIB em educação na década de 60, estão colhendo os frutos agora.

    Se o Brasil começar com um plano nesse sentido, podemos colher os frutos em 2.040.

    O grande problema é o "Se".

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 08:08 em 19 de agosto de 2010:

    Caro Dino,

    Sem dúvidas, os países asiáticos vêem investindo mais em educação por influência do confucionismo. e estão colhendo os seus frutos.
    No Brasil também há, recentemente, uma consciência maior que investimentos em educação são importantes, e aumentou sensivelmente o número de estudantes universitários, também no setor privado, e em cursos noturnos. O ensino profissionalizante ganhou maior impulso e as pesquisas nas universidades estão aumentando. Em alguns setores nossos acadêmicos estão se destacando nas publicações científicas internacionais. Podemos fazer mais? Devemos, se desejarmos nos tornar uma potêncial desenvolvida, inicialmente regional.

    Paulo Yokota

  3. john kwak
    3  escreveu às 13:55 em 2 de outubro de 2012:

    A Coreia do Sul é o pais mais tecnológico da Asia mostrando a sua rica cultura milenar de 5000 anos de história. A Coreia sempre foi muito respeitada na Asia e influenciou muito a cultura japonesa. Como a chinesa também influenciou a japonesa. Os chineses estão crecsendo muito, mas usando seu povo como escravo, diferente dos sul coreanos que investiram na educação e tecnologia para hoje se tornar um dos países mais desenvolvidos do mundo, um modelo seguido por muitos países que querem chegar ao feito da Coreia do Sul. É um modelo de país (tecnologia de ponta,educação, desenvolvimento etc…). Hoje os coreanos têm muito mais motivos para se orgulhar da sua raça que é muito amada desde 5000 anos atrás. Obrigado, John Kwak

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 20:06 em 2 de outubro de 2012:

    Caro John Kwak,

    Obrigado pelos seus comentários, mas convem se manter equilibrado.

    Paulo Yokota


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