Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Crescimento das Economias dos BRICs

9 de fevereiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

brics

O mundo acostumou-se a considerar os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) como os países emergentes de grandes dimensões, desde a criação deste nome por uma instituição financeira internacional de respeito para designar este grupo. Admitia-se que tinham grande potencial de crescimento e que ganhariam importância maior no mundo globalizado.

Estas economias vinham correspondendo às expectativas até a crise que se abateu sobre o mundo, em fins de 2008. Uma economia foi mais afetada, a da Rússia. A China vem se recuperando de forma impressionante, mantendo um câmbio desvalorizado, e a Índia e o Brasil mantiveram uma performance razoável.

No entanto, os dados mais recentes demonstram que a Rússia continua com suas dificuldades, e a Índia ultrapassou o Brasil, estimando-se que em 2009/2010 o seu crescimento seja de 7,2%. No Brasil, as estimativas mais otimistas chegam a 6,5%, sendo 6% o mais razoável.

O FMI, por estudar todos os países, possui previsões defasadas, mas estima que a China e a Índia lideram a recuperação. Estimam, ainda preliminarmente, que a China teria crescido 9,6% em 2008 e 8,7% em 2009, prevendo-se 10% para este ano. A Índia teria crescido 7,3% em 2008 e 5,6% em 2009, prevendo-se 7,7% para este ano.

O Brasil estaria abaixo, com 5,1% em 2008 e -0,4% em 2009, prevendo-se um crescimento de 4,7% para este ano. Estes dados vêm sendo revisados para cima.

O Brasil é o país que mais valorizou o seu câmbio, facilitando as importações e dificultando as exportações. E são as exportações que criam os empregos que interessam, e sustentam a possibilidade de um crescimento de prazo mais longo. Sempre que o Brasil enfrentou dificuldades, elas decorreram das limitações das divisas geradas pelas exportações.

Todos os países exercem algum tipo de controle sobre o seu câmbio, pois sabem que é uma variável estratégica, que hoje não depende mais do comércio exterior. O volume dos fluxos internacionais de recursos financeiros é impressionante, e ele determina a taxa de câmbio. Estes recursos são volúveis, e ingressam quando permitem ganhos rápidos, como no último ano, em que suas aplicações no Brasil proporcionaram ganhos estimados em mais de 140% ao ano, em dólares, quando nos Estados Unidos foi de zero. Mas também são arredios, e ao menor susto abandonam o país com grande rapidez, tendendo a criar uma crise.

Só os investimentos estrangeiros que criam emprego e transferem tecnologias não disponíveis no Brasil é que interessam. Se medidas para este disciplinamento não ocorrerem, como diz o ex-ministro Delfim Netto, o Brasil vai continuar sendo o maior peru do mundo, fora do Dia de Ações de Graça ou do Natal…

O Brasil tem todas as condições para almejar resultados mais elevados, bastando que os seus dirigentes atuais e futuros tenham a capacidade de pensar grande, com perspectivas de prazo mais longo. Todos concordam que as nossas qualificações são as melhores entre os BRICs, não contendo problemas políticos como os da China.



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