Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

É o Câmbio

3 de fevereiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

É famosa a expressão “é a economia, idiota!” que um esperto político vociferou para um auxiliar sobre o que estava acontecendo no processo eleitoral em que estava envolvido. Por mais que se faça numa campanha política, não se pode ignorar o efeito da economia sobre o ânimo de toda a população.

Muitos economistas e formuladores da política econômica, principalmente os mais liberais, costumam se concentrar na política fiscal e monetária, cuja importância não pode ser ignorada. Mas todos sabem que, num prazo mais longo, o câmbio acaba fazendo a diferença. Explicitou-se isto no Plano Marshall, quando as economias japonesa, alemã e italiana foram recuperadas, com câmbios fixos desvalorizados por um longo tempo.

Quando os Estados Unidos ainda tinham um peso apreciável nas grandes decisões internacionais, acordos como os de Plaza provocaram a valorização do yen japonês para reequilibrar o comércio internacional. Hoje, com a importância que ganhou a comunidade financeira internacional, que só pensa nela mesma, isto se tornou difícil, e o yuan chinês continua desvalorizado, provocando toda a sorte de problemas em todo o mundo. Como não se aceita restrição para o livre fluxo financeiro internacional, país que não atrela seu câmbio ao dólar norte-americano desvalorizado, acaba se valorizando, sendo o real um dos seus extremos.

Se algo de mais sensato não for promovido, com a ajuda de organismos internacionais, o atual desequilíbrio que se observa em muitas economias não será facilmente corrigido. Os organismos como a OMC são demasiadamente lentos, e acabam bloqueados pelos interesses antagônicos, com prejuízo para todos, no longo prazo.

Até os chineses que caminham celeremente para se tornar os mais importantes do mundo devem acabar entendendo que não podem continuar a impor a sua vontade para o resto do mundo, sem gerar fortes sentimentos contra eles. A hegemonia do País do Meio pode tornar-se mais dolorosa do que arrogâncias que outros povos tiveram, e que acabaram sendo uma das razões dos seus declínios.



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