Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Fortes Contrastes nas Exportações

24 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: ,

Todos os dados econômicos precisam ser avaliados do ponto de vista relativo, pois os dados estatísticos em si oferecem algumas noções incorretas sobre o que realmente está acontecendo.

Muitos podem alegar que as exportações brasileiras estão evoluindo razoavelmente neste começo do ano, pois, comparados com os mesmos meses do ano passado, apresentam crescimentos de dois dígitos.

Todos sabem que o começo do ano passado ainda tinha uma base muito baixa, e crescimento sobre ela é uma parte da recuperação, não indicando que patamares passados já foram ultrapassados. É mais grave, ainda, quando comparado com o que acontece na Ásia.

Todos consideram a China “hors concours” por causa da prática do câmbio extremamente desvalorizado para manter o seu nível de crescimento, sob a alegação de que é indispensável para criar os empregos necessários. Sua exportação vem crescendo a um ritmo de 45% ao ano. No entanto, os dados do Japão, com o yen extremamente valorizado, mostram que no último mês de fevereiro suas exportações também cresceram no nível de 45% com relação ao mesmo mês do ano passado.

Portanto, se exportações brasileiras atingiram o nível de 25% ao ano, estamos bem abaixo dos asiáticos. O desenvolvimento da economia mundial, que nos ajudou muito nos últimos anos, volta a nos ajudar com a sua recuperação, mas menos do que está ocorrendo no resto do mundo.

É preciso que as autoridades locais tenham a plena consciência que muitos dos resultados obtidos não decorreram da política econômica adotada, mas fomos puxados pelo resto do mundo.

Esta recuperação ainda é frágil, e na medida em que a nossa política de preços, como dos minérios, se baseia somente nos resultados de curto prazo, existem riscos elevados de que não continuem nos ajudando.

Como na Ásia, precisamos contar muito mais com o mercado interno e com os instrumentos sobre os quais temos total controle, dependendo menos dos humores do mercado internacional.



Deixe aqui seu comentário

  • Seu nome (obrigatório):
  • Seu email (não será publicado) (obrigatório):
  • Seu site (se tiver):
  • Escreva seu comentário aqui: