Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Reflexões Sobre a China

13 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , ,

Muito se tem escrito e falado recentemente sobre a atual posição chinesa, quase sempre envolvendo um preconceito ou uma inveja. Para compreendê-la e tirar proveito de sua presença mundial, é preciso um mínimo de isenção na sua análise.

Nenhum país de dimensões continentais como a China, com sua longa história e complexidade de sua composição étnica, pode ser descrito em poucas palavras sem que injustiças sejam cometidas. Mas sempre existem traços gerais que podem caracterizá-la, que vamos tentar enfatizar.

Uma ideia equivocada é que ela é facilmente dominada pelo Partido Comunista, que seria uma entidade homogênea. Se assim fosse, não teriam sobrevivido figuras como Deng Xiaoping e outros, que passaram por altos e baixos, até se tornarem as personalidades que traçaram as linhas mais fortes da China atual, que continua evoluindo depois do período dominado por Mao Tsé Tung. É preciso recordar que na sua longa história de mais de 8.000 anos, menos de 50 foram comunistas.

O rápido desenvolvimento recente da China certamente foi beneficiado pelo câmbio desvalorizado, mas como agora sofre pressões inflacionárias com a expansão monetária para minimizar os efeitos da recente crise mundial, tende a valorizar, lentamente, a sua moeda. Os chineses estão providenciando para que a expansão do mercado interno se torne o fator que sustenta o seu rápido desenvolvimento, a fim de absorver a mão de obra que está sendo liberada pelo setor rural, reduzindo a sua dependência das exportações e dos investimentos externos. Ainda que continuem agressivos nas exportações, devem caminhar para produtos de mais alto valor agregado.

Com a melhoria do nível de bem-estar de sua imensa população, as demandas por melhores e mais amplos serviços públicos, como o da saúde e previdência social, devem crescer, apresetando problemas de grande dimensão a serem enfrentados. Bem como as naturais aspirações para a maior liberalidade política, dentro dos padrões orientais.

É preciso reconhecer que a China vem investindo fortemente na maior qualificação de sua mão de obra, desenvolvimento das pesquisas e intercâmbio com o exterior. Para continuar no seu processo de desenvolvimento, sabe que necessita contar com melhores relacionamentos com outros países, ainda que consciente dos seus interesses e da preservação de sua independência, pois já sofreu interferências externas profundas.

Os chineses sabem que podem ser o País do Meio, desempenhando um papel importante no mundo, e a sua longa história permite que tenham uma visão de prazo longo. Tentarão evitar os erros cometidos no passado, e utilizarão todos os meios de que dispõem, sabendo que necessitam também de abastecimentos básicos a serem garantidos, por acordos de longo prazo, com o exterior.

Os chineses aprenderam muito com o que estudaram e observaram no exterior, abusando na cópia do que viram de melhor. Continuarão usando toda a sua dimensão nas negociações internacionais, impondo suas condições quando possível.

É um país que deve ser temido, mas também admirado.



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