Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Heitor Villa-Lobos Para Violão Solo

18 de abril de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , , | 2 Comentários »

Por incrível que pareça, o maior fã clube das obras de Heitor Villa-Lobos está na Ásia, precisamente no Japão. Acaba de ser lançada no Brasil, neste ano, a obra completa dele para violão solo, com a execução magistral do brasileiro Fábio Zanon, gravada há alguns anos em Londres.

Este excepcional CD tornou-se disponível graças ao trabalho da gravadora Biscoito Clássico, com o trabalho de um grupo de mulheres sob a direção geral de Kati Almeida Braga, direção artística de Olivia Hime, produção de Sylvia Medeiros, assistência de produção de Cecília Temke.

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Heitor Villa-Lobos por Branca Dias

A obra de Villa-Lobos conta com as explicações elaboradas por Fábio Zanon, reconhecido internacionalmente como um dos melhores intérpretes de violão solo neste começo do século XXI. Ele é também professor, regente, escritor e comunicador. Entre outros locais de prestígio internacional, ele ministrou aulas na consagrada Julliard, de Nova Iorque.

Fábio Zanon mostra a evolução da música no Brasil, no folder que acompanha o CD, desde quando era colônia de Portugal, para enfatizar a importância do trabalho de Villa-Lobos. Eram as valsas e polcas, de quando não havia ainda uma separação do clássico e popular. Foram incorporando aos poucos os “choros” e “seresta”.

Villa-Lobos era um virtuose, e poderia ter se consagrado como instrumentalista. Acabou envolvido no clima criado pelo Movimento Modernista, com cujo mentor, Mário de Andrade, ele teria uma “relação de amor e ódio”. Mário de Andrade pensava que “a produção artística brasileira tinha que criar seu próprio método de avaliação….” Seu ideal de linguagem musical caracteristicamente brasileira seria a sublimação de diversos traços folclóricos essenciais, seguindo a grosso modo o modelo instituído por Bela Bartok”…

Villa-Lobos, sempre segundo Fábio Zanon, acabaria concretizando os ideais do Modernismo na fase dos Choros e os 12 Estudos para violão solo. O Choros nº 1 (sempre usado no plural) tem o estilo do choro original, intencionalmente, e seus temas são inspirados em Ernesto Nazareth, Satyro Bilhar ou Chiquinha Gonzaga.

“Por volta dos trinta anos, Villa-Lobos foi ‘descoberto’ pelo pianista Arthur Rubinstein”, que incorporou em seu repertório várias peças deste compositor. E preparou o terreno para a viagem dele à Europa. “Em 1929, em um único golpe, ele revolucionou a história do violão compondo os Doze Estudos. O violão ainda gozava de uma reputação dúbia nos anos 20, uma fama que estava progressivamente sendo revertida pelo sucesso de Andrés Segovia”. Este considerou Villa-Lobos incompetente, mas executou em premier mundial de 1947 os Estudos nºs 1, 7 e 8. “A série completa seria tocada em 1963 por Turíbio Santos”…

Depois de sua volta definitiva ao Brasil é que ele comporia as conhecidas Bachianas Brasileiras. Os orientais, que sempre incorporam nas composições consideradas clássicas elementos do rico folclore local, certamente apreciarão estas gravações.

Este CD é uma preciosidade.


2 Comentários para “Heitor Villa-Lobos Para Violão Solo”

  1. roberto
    1  escreveu às 16:56 em 2 de maio de 2012:

    Os solos dele são montruosos.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 18:28 em 2 de maio de 2012:

    Caro Roberto,

    Concordo. Obrigado pelo comentário.

    Paulo Yokota


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