Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Livros Novos Sobre a China

1 de abril de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: ,

Com o aumento da curiosidade mundial sobre a atual China que ganha crescente importância internacional, nada mais natural que uma enxurrada de novos livros sejam lançados, ficando difícil selecionar os mais recomendados.

Alguns podem frustrar os leitores, apesar do currículo do seu autor, como o que foi escrito por Jonathan Fenby, para o The Penguin History of Modern China, “The fall and Rise of a Great Power 1850-2008”, London, 2008. Como consta que o autor foi do Observer, South China Morning Post, Reuters World Service, The Economist, Independent e Guardian, é natural que desperte uma elevada expectativa, que acaba sendo decepcionante, apesar das mais de 760 páginas.

Agora, a conceituada revista Nature, no último número de março, traz uma entrevista com Peter Hessler, jornalista da consagrada The New Yorker, que acaba de publicar “Country Driving: A Journey Throught China from Farm to Factory”, Harper Collins, 2010. O livro faz parte de uma trilogia com River Town (2001) e Oracle Bonés (2006).

Na importante entrevista, Peter Hessler explica que o primeiro livro cuida da geografia e dos lugares; o segundo, da história e do tempo; e este último, do desenvolvimento e economia. Já encomendei este livro que espero com ansiedade.

Ele explica na entrevista que o último livro examina estes assuntos sob o prisma dos chineses comuns que passam do campo para a cidade. Eles são a força que propulsionam (driving) a revolução industrial da China. Segundo o autor, o ponto principal é como indivíduos, famílias e comunidades respondem a estas mudanças e desafios.

Os imigrantes rurais vão para o Leste e o Sul pelas estradas que estão sendo implantadas, havendo um acelerado processo de urbanização. As terras rurais não podem ser vendidas, e os jovens deixam os filhos com seus avôs. Os governos locais frequentemente removem os agricultores de suas terras para construir estradas e edificações.

Há um processo quase caótico de adaptação dos imigrantes nas fábricas, mas eles absorvem as novas regras, havendo muitas corrupções, mas acaba funcionando. Há um individualismo crescente e o clima é brutal e com poucas leis.

O processo de industrialização da China é diferente dos Estados Unidos ou da Europa, pois há um excesso de mão de obra. Não existe um estímulo para as inovações e produtos de alto valor adicionado. O sistema político e educacional é muito controlado.

Há uma quebra de valores e senso de comunidade. As famílias estão sendo separadas, e há um sentimento de falta de algo. Os acadêmicos gostariam que houvesse uma melhor conexão da comunidade e das pessoas, o que poderia ser feito pela religião, uma instituição pouco desenvolvida na China.

Esta geração está passando de um coletivismo para o individualismo. Há uma flexibilidade e adaptabilidade, sem um esquema único. Há uma melhora do padrão de vida e outros aspectos sociais, mas há uma crescente demanda da população. não se sabendo como tudo vai continuar no atual sistema político, nos estágios seguintes de desenvolvimento.

São estes alguns aspectos, muito resumidos, da entrevista concedida por Peter Hessler à Jane Qiu do Nature, que dão indícios de um livro muito promissor.



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