Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Análises Internas da China

16 de maio de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

0022190fd1710d4c5a6011 É sempre interessante verificar como os analistas chineses estão observando a situação em que se encontra a China e o que identificam como caminhos a serem trilhados no futuro. Dois artigos publicados no China Daily podem nos dar uma idéia destas visões. O primeiro é de Feng Zhaokui, do Instituto de Estudos Japoneses da Academia Chinesa de Ciências Sociais, que tem o título “China ainda uma nação em desenvolvimento”, e não desenvolvido.

O artigo, com muita segurança, afirma que a China passa por um período de rápido crescimento, devendo ultrapassar o Japão neste ano, para tornar-se a segunda economia do mundo. Neste século XXI, já ultrapassou o Canadá, a Itália, a França, a Grã-Bretanha e a Alemanha, segundo os dados estatísticos disponíveis.

Mas a sua população é estimada oficialmente em 1.370 milhões de habitantes, o que em termos per capita coloca a China atrás de 97 países, inclusive o Brasil e o México. Conta com grandes centros desenvolvidos como Beijing, Xangai e Guangzouh na costa, mas o interior ainda é atrasado. Também pelo IDH – Índice de Desenvolvimento Humano utilizado pela ONU, que leva em consideração a expectativa de vida, a alfabetização, educação e padrão de vida, a China vem depois de 91 países.

Este analista chinês afirma que isto decorre da China não contar com uma industrialização avançada, com qualidade e inovação. Seus produtos são de mão de obra intensiva, consomem muito petróleo e causam danos ao meio ambiente. Contam com muitas empresas estrangeiras que utilizam sua imensa mão de obra, e representam 56% das exportações chinesas.

zabg O segundo artigo, muito interessante, é da Zhang Monan, do Centro Estatal de Informações, com o título “Utilizar o potencial de desenvolvimento”. Ela propõe que a China estabeleça uma estratégia de desenvolvimento econômico dinâmico e industrial para abastecer internamente as necessidades locais, aproveitando a atual crise mundial.

Ainda que a economia mundial apresente alguns sinais de recuperação, os problemas de instabilidade monetária, dos fluxos financeiros exagerados, dos desequilíbrios no comércio internacional e os endividamentos elevados de muitos países não podem ser ignorados.

Ela propõe que a China aproveite seus recursos naturais, inclusive marítimos, utilizando novas tecnologias, suas estruturas, dando um impulso nas pesquisas científicas para aproveitamento industrial, geração de energia e coordenação regional. Ela cita a infraestrutura, as necessidades de matérias-primas, o atendimento da demanda interna, avanços na indústria de alta tecnologia, dos serviços, equipamentos pesados, tecnologia da informação.

Teria que intensificar o uso do capital, desenvolver marcas próprias, e estruturar o seu setor financeiro, inclusive de mercado de capitais. No seu relacionamento externo, teria que efetuar investimentos no exterior e diversificar suas atividades.

Temos que constatar que tais debates são relevantes, inclusive em outros países emergentes como o Brasil, e há muitas proposições interessantes no interior da China.



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