Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Investimentos Promovem o Intercâmbio

26 de maio de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: , ,

Um artigo do jornalista Eduardo Laguna, do jornal Valor Econômico de hoje, sob o título “Máquinas chinesas já representam 12,2% das importações brasileiras”, volta a comprovar uma realidade há muito conhecida. Os diversos estudos publicados pelo antigo Eximbank do Japão, hoje JBIC – Japan Bank for International Cooperation, já comprovavam que investimentos efetuados pelos grupos japoneses no exterior contribuíam significantemente para o incremento do seu comércio internacional.

Os novos investimentos que chineses e hindus efetuam no Brasil trazem na sua esteira, como é natural, um aumento das importações brasileiras de máquinas ecomponentes daqueles países.

Um balanço efetuado pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos – Abimaq mostra o rápido incremento destas importações. A Índia, com a qual o Brasil praticamente tinha um comércio insignificante, já chega a 2,7% do total importado pelo país.

A indústria brasileira, inclusive no setor de máquinas e equipamentos, tinha atingido uma razoável complexidade, apoiada na demanda do mercado interno, conseguindo efetuar algumas exportações. Na medida em que a economia brasileira passou a efetuar menos investimentos no seu parque produtor, utilizando mais recursos externos meramente financeiros, acabou com um câmbio valorizado, que estimula mais as importações, reduzindo as exportações.

Adicionalmente, as suas necessidades de importação passaram a ser arcadas pelas exportações de commodities agropecuárias e minérios, deixando o seu setor manufatureiro, criador de valor adicionado, menos competitivo. Hoje, muitas das empresas industriais são meramente montadoras de produtos cujos projetos, componentes, tecnologia, tudo vem do exterior.

A capacidade de competição com os novos países emergentes, que contavam com piores condições internas que o Brasil, como a China e a Índia, passaram a ser fornecedoras de produtos de alta tecnologia e seus componentes. Na medida em que a economia mundial passa a crescer menos, os atuais mecanismos deixam de proporcionar à indústria brasileira a proteção suficiente até para atender os aumentos dos investimentos que estão ocorrendo.

Algo como a chamada “doença holandesa”, ou seja, a elevada exportação de alguns poucos produtos, está reduzindo a complexidade com que já contava a economia brasileira. Espera-se que os futuros governantes tenham uma visão de prazo mais longo, atendendo as condições mínimas para devolver à indústria pesada de equipamentos a importância que já teve no passado.



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