Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Oito Mil Anos da Atual Istambul

8 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos | Tags: , ,

etkinlik-sergi-bizantion-ist-sergi-212_ Uma exposição imperdível acontece em Istambul, no Museu Sakip Sabanci da Universidade de mesmo nome desta família. Ela conta com mais de 500 obras excepcionais reunidas em todo o mundo, de 59 museus de 17 países, sendo 19 instituições da Turquia. Faz parte do chamado “Istambul 2010 – Capital Europeia da Cultura”. Inclui desde os que foram descobertos pelos arqueólogos, do período neolítico até hoje, que se encontram em Portugal até a Rússia, da Irlanda até o Catar. Já vi muita coisa boa mundo afora, mas com esta o meu queixo continua caído.

A cidade de Bizâncio, que passou por ocupações dos persas, dos gregos e troianos, transformou-se na capital do Império Bizantino, chamando-se Constantinopla, capital de Roma do Oriente, quando os romanos foram divididos em duas metades. Os bizantinos e romanos deixaram importantes marcas que ainda existem. Com a queda dos romanos, o Império Otomano durou sete séculos. Seu território expandiu-se e contraiu-se ao longo do tempo. Incluiu a Síria e o Líbano. Outras importantes etnias da região perderam seus países, como os armênios e os curdos. Ainda vamos postar mais coisas sobre esta exposição.

A grande maioria dos imigrantes árabes foi para o Brasil usando o passaporte turco. Incorretamente considerados mais pobres que outras etnias. Possuem uma história e uma cultura antiga, principalmente diante de brasileiros que mal possuem cinco séculos de existência. Eles chegam há 8.000 anos, comparável com os chineses.

Muitos dos europeus absorveram conhecimentos técnicos dos árabes, mas eles cometeram o crime de destruir a famosa Biblioteca de Constantinopla, a mais rica de todo o mundo de então, por questões de fundamentalismo religioso dos cristãos, que provocaram guerras santas contra os “infiéis”. As chamadas cruzadas.

Hoje, a Turquia é mais importante que a Síria e o Líbano, pois, além de substituí-los nos envolvimentos com os demais árabes, são vizinhos dos antigos países do Leste, quando existia a guerra fria com a antiga URSS. Tem fronteiras com a Bulgária, e Geórgia, Ucrânia e Rússia pelo Mar Negro. Liga-se ao Mediterrâneo pelo Bósforo. Tanto que o Prêmio Nobel turco Orhan Pamuk chama Istambul de "civilização do Bósforo", com certa melancolia. As pontes existentes ligam a Europa à Ásia. Para a segurança mundial, como para o comércio, Istambul é dos lugares mais estratégicos, tanto que a Turquia mantém as bases da OTAN.

Além dos cristãos e muçulmanos, os ortodoxos continuam a ter sede nesta cidade, onde se encontram muitos povos. Orhan Pamuk estava exilado nos Estados Unidos, na Universidade de Colúmbia, por defender os direitos dos curdos de possuírem o seu país, bem como denunciando o massacre dos armênios. Hoje, os turcos convivem com os gregos, e o povo tem traços dos europeus como dos árabes. Miscigenados como os brasileiros, nesta parte tão antiga do mundo, mais com os africanos árabes. Os que pensam que os turcos são pobres, econômica ou culturalmente, estão muito enganados. A culinária local é de uma riqueza imensa, "fusion" de tudo que existe no Mediterrâneo com árabes, até do Extremo Oriente. Os peixes daqui são considerados entre os melhores do mundo, havendo restaurantes que distinguem os naturais dos criados, com grandes diferenças de preços.

As muçulmanas convivem, desde as mais radicais que se vestem e cobrem os rostos de preto como as iranianas, passando pelas indonésias e malaias menos radicais. Das ocidentais, como as otomanas e outras árabes, elas acabam dando a impressão que estamos nas Nações Unidas em Istambul. Misturam-se com brasileiras, europeias de todas as origens, asiáticas de todo o mundo. Não se nota nenhuma discriminação no Grand Bazaar como nas mesquitas, onde os homens vão lavar os pés antes de orarem, e nas cerimônias religiosa existem lugares para homens e mulheres, como entre os judeus nas suas sinagogas.



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