Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

As Tensões Sentidas na Ásia

25 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

Sempre é difícil compreender as tensões vividas pelas populações que vivem fora do teatro em que estão ocorrendo fatos que nos afetam a todos, nesta aldeia global em que convivemos. As negociações entre a Coreia do Norte e do Sul devem ocorrer nos próximos dias na Zona Desmitalizada que separa os dois países que continuam em guerra. Os exercícios militares da Coreia do Sul com os Estados Unidos provocam ameaças de fortes retaliações, inclusive atômicas, da parte do Norte.

Os noticiários japoneses, notadamente na televisão, consumiram espaços enormes relatando o que um espião do norte arrependido transmitiu sobre uma jovem de nome Yokota (não tem nenhum parentesco comigo), que foi sequestrada há décadas no Japão, e levada para o norte, para ensinar japonês aos espiões coreanos. Não é cinema nem romance, é a triste realidade.

Coreias do Sul e do Norte

Os pais e seus parentes desejam saber se ela continua viva. Informa-se que ela teria morrido num desastre, depois de casada com um coreano do norte. Outras notas dão conta que ela continua viva, tendo mudado de identidade. O norte-coreano informou que teve contato com ela há poucos anos, e a questão acaba movendo a opinião pública para que o governo tenha uma posição mais firme sobre o assunto.

De outro lado, o Japão que renunciou à venda de armamentos militares, sofre pressão dos Estados Unidos, este país com o qual mantém um acordo militar, vital para a segurança asiática. Em função do cancelamento do sistema de defesa antibalística dos norte-americanos com o término da guerra fria com o leste europeu, hoje se pensa armar os europeus e seus navios com foguetes japoneses para um potencial problema com os iranianos. O Japão é particularmente sensível às pressões americanas, mas não consegue nem resolver os problemas de suas tropas estacionadas em Okinawa, diante das reações dos eleitores japoneses.

Ainda que o mundo deseje a paz, ela só é possível com a existência lamentável de um sistema militar, que vai além dos esforços de alguns países. Estes dilemas estão presentes no cotidiano dos asiáticos.

Os sul-americanos não se dão conta da felicidade de contar somente com pequenos atritos regionais como os que dividem colombianos dos venezuelanos, mesmo que estes também não possam ser ignorados. Não somos submetidos às tensões que ainda persistem na Ásia.



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