Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Drama das Duas Coreias

18 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

Quando as tensões entre as duas Coreias, que suspenderam as hostilidades, mas não a guerra entre os dois países, continua com o ataque do Norte ao navio de guerra do Sul. E lá se preparam as negociações nos próximos dias, na Zona Desmilitarizada próxima ao Paralelo 38, que visitamos e onde se sente toda a dramaticidade existente no ar.

Não fica muito distante de Seul, que surpreende com o seu desenvolvimento recente, dando ares de uma capital de um país industrializado, contrastando com o Norte, onde até o abastecimento depende totalmente da boa vontade chinesa. Parece quase um teatro, mas é guerra de verdade, com os observadores militares colocados frente a frente, separados pelas tropas dos países garantidores do armistício.

O turismo, por incrível que pareça, é estimulado nesta região, onde se pode ver os tuneis escavados para a invasão do Sul. Onde ocorreram mortes nos últimos anos, pelas tensões dos militares em guerra, provocando incidentes desagradáveis. Nem nas fronteiras de Israel com a Palestina, onde ocorrem trocas de hostilidades, se sente o drama destes povos irmãos.

Ao mundo pós-queda do muro de Berlim parecia que uma unificação seria inexorável das duas Coreias. Mas não existe quem queira arcar com o seu custo, que implica no desaparecimento da ditadura militar que existe no Norte, e cujo padrão de vida é bem inferior ao do Sul, em que pese todos os seus recursos naturais.

Não existe ainda a perspectiva de qualquer avanço nesta situação dramática, mesmo com a exuberância do desenvolvimento do Sul, que depende somente da determinação de trabalho duro do seu povo, sem recursos naturais, só da capacidade competitiva de sua economia no mundo globalizado.

Volto a repetir, não se trata de um exercício, mas de uma guerra de verdade, sujeito a ocasionais mortes de militares. Os jovens destes países, que prestam longos serviços militares obrigatórios, estão sujeitos a riscos de mortes, e os vimos diretamente nos seus olhos. Suas famílias são constantemente assaltadas por estas possibilidades. Não acredito que seja fácil viver nesta tensão, que nem todos percebem mundo afora.

Só de pensar que isto ainda existe no mundo atual nos leva a consciência da insensatez humana. É preciso ter presente estes fatos desoladores, com toda a sua crueldade, para que mais esforços sejam feitos para superação destas intolerâncias.

A ninguém deve ser permitida a indiferença diante destas questões, na nossa aldeia global.



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