Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Desafios Brasileiros Para os Próximos Anos

15 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

Yoshiaki Nakano De forma sempre oportuna, o professor Yoshiaki Nakano, da Fundação Getúlio Vargas, publica um artigo no Valor Econômico colocando um desafio para o novo governo brasileiro: o aumento dos investimentos sem um correspondente acréscimo da dívida pública. Ele entende, como muitos organismos que estão se agregando no chamado “Brasil Eficiente”, que o País tem todas as possibilidades de manter um crescimento de cerca de 6% ao ano no futuro. Mas, para tanto, precisaria aumentar o seu investimento para cerca de 25% do PIB ao ano.

Isto só seria possível com o aumento da poupança do governo, que teria que conter os seus gastos, pois o nível do seu endividamento público já está entre os mais elevados, quando comparados com outros países.

Por que alguns países asiáticos como a China ou a Coreia, e no passado o Japão, teriam possibilidade de investimentos públicos mais significativos? Na realidade, como estes países contam com um inverno mais rigoroso e uma influência do confucionismo, suas poupanças, tanto públicas como privadas, são mais elevadas que dos países ocidentais, em média. Principalmente quanto comparados com países emergentes de regiões tropicais que não desenvolveram as culturas de constituírem reservas para os períodos mais críticos.

Houve épocas em que, mesmo na economia brasileira, havia possibilidade de conseguir ganhos de eficiência que permitiam taxas mais elevadas de crescimento. Foram quando o país foi integrado com vias de comunicação que ligaram economias locais mais isoladas. Ou quando foi possível incorporar fatores de produção como recursos naturais, principalmente terras cultiváveis e mão de obra pouco utilizada. Hoje, o Brasil conta com uma demanda ativada, inclusive com a sensível melhoria na distribuição de renda, mas seu parque produtivo necessita de pesados investimentos para continuar competitivo.

Pensar uma política industrial torna-se imperativo, mesmo com o governo exercendo uma atividade indicativa, deixando a produção por conta do setor privado. Existem pesquisas para melhorar a tecnologia, que já foi de ponta no passado em alguns setores e que continua melhorando no setor agropecuário. O que parece ineficiente é o setor governamental, prestando serviços de saúde, educação, previdência e outras sociais com pouca eficiência, o que resulta em custeios elevados.

Toda a sociedade necessita discutir mais profundamente estes e outros problemas, pois imaginar que o governo é algo isolado da sociedade pode ser um ledo engano. E não se trata de uma tarefa somente para os períodos eleitorais.



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