Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Jardins Japoneses, Coreanos e Chineses

4 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: , ,

Se existem jardins orientais que são admirados pelos ocidentais, o assunto é tão amplo e profundamente tratado por milhares de livros, cabendo neste espaço somente um rudimentar resumo. Costumam estar ligados a motivos religiosos, propiciar meditações ou como simples decorações de casas ou palácios. De dimensões variadas, diferentes composições, distinguindo-se das diferentes culturas dos povos japoneses, coreanos e chineses.

Entre os mais conhecidos destaca-se o de pedra e areias, zen, que se encontra num templo em Quioto, ou de musgos, na mesma cidade. Também o do Katsura Imperial Villa, perto de Nara, a antiga capital japonesa, até hoje usado pela Casa Imperial do Japão, mas onde a visita está facilitada ao público. A Coreia reconstruída conta hoje tanto com os templos e palácios como com novos espaços, demonstrando seu apreço pelo meio ambiente. E os grandes palácios chineses dão uma ideia da opulência do seu passado, tanto pelas dimensões como riqueza.

Jardim RyoanJi-Dry em Quioto

Evidentemente, os que ficam mais guardados na memória são os que causaram impactos mais fortes, provocando renovadas visitas. Quem não se toca observando o jardim zen de pedras e areias que transmite a tranquilidade de uma paisagem marítima, ainda que totalmente seco. As pedras expressam as ilhas, nem todas observáveis juntas por qualquer ângulo, mostrando que os que o construíram pensaram profundamente. As areias sempre cuidadas transmitem as ideias das ondas desta paisagem, estimulando a introspecção dos que o ficam observando.

Katsura é um rico conjunto de jardins no qual os arquitetos chegaram ao máximo da integração interior/exterior, desde locais para cerimônias de chá como os panoramas pensados, onde até a posição da lua foi estudada para melhor vista dos visitantes. O protocolo determina onde vai ficar o anfitrião, proporcionando à visita a visão mais privilegiada. Como é da essência da cultura japonesa, vai se descobrindo aos poucos, apresentando sempre novos ângulos, sem que haja uma vista geral e superficial.

Da entrada ao final da visita, pelos corredores, vai se vislumbrando novas vistas, devagar. Cada dobrada, uma nova surpresa suave, que vai despertando o sentimento de “quero mais”. Uma trilha que sobe e desce, como é a natureza japonesa. A cultura desenvolvida num arquipélago limitado forçou a sua população a valorizar ao máximo o espaço e a natureza.

Os estilos dos jardins dependem da época em que foram construídos, bem como se originários dos templos ou dos palácios, ou simples residências de poderosos proprietários. Sem a finalidade de ostentação, mas de mostrar a profundidade de sua cultura, de sua capacidade de meditação e compreensão dos detalhes mais minuciosos, onde tudo tem significado.

Existem os jardins de grandes dimensões, como os minúsculos que aproveitam pequenos espaços nas construções mais refinadas. Há uma forte tendência de reproduzirem a natureza, com pedras, árvores, plantas e água, como expressando a vida que corre ao longo de um rio.

Em Seul, a própria cidade se transformou num jardim, onde o rio que parecia um Tietê, poluído, hoje se apresenta com águas límpidas e gramados invejáveis. O centro do governo é um verdadeiro bosque, e novos bairros de ricos e poderosos são intermediados por embaixadas num terreno acidentado.

A vasta China apresenta a variedade de seu amplo território, onde Beijing, com sua Cidade Proibida, e os palácios ocupados no passado pelas autoridades imperiais hoje foram transformados em museus públicos, que mostram a riqueza e a profundidade de sua história e cultura. Em muitos palácios, os jardins com lagos estão ocupados pelos lótus que demonstram a contribuição que receberam da Índia, que não ignoram, por que não precisam.



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