Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Economia Informal na China e a Inflação

29 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: , ,

985_h250 Um interessante artigo de James Kynge, o conhecido editor do China Confidencial, serviço de pesquisa do Financial Times, publicado na Folha de S.Paulo com o título “A economia paralela da China”, levanta algumas questões complexas da China que podem repercutir em todo o mundo, dada a importância da economia chinesa no atual mundo globalizado. Os ingleses são profundos conhecedores daquele país, desde a época da Guerra do Ópio, quando eles contavam com um enclave em Xangai, ao lado de outras potências mundiais da época, e contavam com Hong Kong.

O artigo aponta que, pelas pesquisas efetuadas pela China Confidencial, o setor financeiro informal naquele país é muito grande, com muitos agiotas atuando fora do sistema bancário oficial, podendo contribuir para o descontrole no combate à inflação chinesa que está se tornando perigosa. Os que conhecem um pouco daquele país sabem que isto é histórico, pois muitos chineses possuem uma cultura anarquista, no sentido de que as autoridades são consideradas opressoras da população, desde antes do período maoísta.

Uma pesquisa efetuada pelos japoneses quando a China se preparava para recomeçar a utilizar a economia de mercado mostrou que os patrimônios dos chineses eram bem mais elevados, principalmente no seu meio rural, do que se imaginava. Eles tinham muitos “tesouros” escondidos, tanto com joias e outros ativos, que acabaram provocando uma demanda superior às rendas estimadas. Mesmo com o longo período de regimes autoritários, sempre houve uma economia informal, com parte da produção agrícola negociada em feiras locais.

O intercâmbio da China com os chineses residentes no exterior, em todo o mundo, nem sempre foi controlado rigidamente, pois continuam mantendo registros familiares nas suas localidades de procedência. As viagens para a China já eram frequentes, com gigantescas bagagens, tanto com influxo de mercadorias como suas exportações informais. Evidentemente, os fluxos financeiros ligados a este “comércio” nem sempre foram registrados.

Mesmo as pressões sociais para a política de um filho por casal da etnia han só conseguiam ser mais efetivas nos grandes centros urbanos. No meio rural, muito amplo na China, existem muitos gêmeos e trigêmeos com idades evidentemente diferentes. Se nem nestes aspectos havia possibilidade de controle das autoridades, pode-se imaginar a informalidade econômica, para um povo com grande tradição comercial.

Até os analistas chineses entendem que os dados estatísticos chineses são frágeis. Os apertos creditícios que estão sendo efetuados possuem uma eficácia limitada, não havendo como controlar a inflação que já ultrapassa a casa dos dois dígitos, mesmo com todo o rigor do autoritarismo. Isto dá uma impressão que os salários estão subindo assustadoramente para os empresários estrangeiros, mas em parte está ocorrendo uma correção formal, do que já vinha ocorrendo informalmente.

Muitos acham que estas mudanças de preços relativos acabam sendo mais eficiente que as alterações cambiais. Não se podem subestimar estas complexidades, envolvendo até aspectos relevantes do ponto de vista internacional. Como registra o autor do artigo mencionado: só resta observar o que vai acontecendo, pois estas questões chinesas são difíceis de serem analisadas do exterior, pois devem ser complicadas até para as autoridades locais.



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