Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Balanço dos Anos Lula e os Brics

20 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: , ,

Mesmo os balanços efetuados pelos órgãos da imprensa naturalmente críticos, como o da Folha de S.Paulo, concedem que nos dois mandatos do governo Lula da Silva os resultados econômicos foram expressivos, principalmente quando comparados com os das administrações anteriores. Destaca-se a brutal melhoria na distribuição de renda, com uma significativa ascensão da população que se situava nas camadas mais modestas, ampliando o mercado interno. Um expressivo crescimento foi obtido, com a redução da inflação e da dívida externa, deixando um quadro promissor para a sucessora. Os reparos concentram-se na educação, saúde, segurança pública e infraestrutura, apesar do substancial aumento das despesas públicas e da carga tributária.

Com todos os elogios possíveis, não se pode esquecer as comparações internacionais com os demais emergentes do BRICs. Como os que costumam fazer os ingleses pelos seus jornais, tipo Financial Times e revistas de grande credibilidade, como The Economist. Principalmente para colher subsídios úteis para as políticas que serão formuladas pelo governo que sucederá o atual, o da presidente Dilma Rousseff, que, mesmo sendo eleita com a ajuda decisiva de Lula da Silva para dar continuidade a sua, terá que se diferenciar do anterior, para se consolidar no poder.

Mapa do Brasil_jpg Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil Dilma_Rousseff_2010

Os brasileiros, até pelo pouco conhecimento dos asiáticos, tendem a considerar que os chineses e os hindus contam com condições piores que as do Brasil, o que pode ser verdade quando considerado em termos per capita ou disponibilidade de recursos naturais. Mas que estão melhorando a taxas assombradoras, discutindo-se quando a China ultrapassará os Estados Unidos, quando se usa o chamado PPP – Poder de Paridade de Compra e não o dólar, que sempre apresenta problemas de câmbio. O PPP mediria o que pode ser adquirido por um consumidor com uma quantidade de moeda, o que acaba beneficiando os chineses.

Uma elevada taxa de crescimento dos chineses pode ser contestada por alguns analistas, por contarem com um regime político que pode ser considerado autoritário. Mas o mesmo não acontece na Índia, que nos últimos 30 anos conseguem estavelmente um crescimento como atingido recentemente pelo Brasil. A eficiência do sistema educacional chinês assombra o mundo, com uma elevada remuneração relativa dos seus professores bem como sua motivação.

A formação dos pesquisadores e o volume dos recursos que estão destinados aos seus trabalhos ainda não conseguem ser acompanhados pelos brasileiros, que vem aumentando seus gastos e produções neste setor fundamental.

Portanto, setores estratégicos como educação e desenvolvimento tecnológico necessitam merecer crescentes atenções, para que o Brasil tenha condições de continuar competitivo no mercado internacional, onde os países emergentes ganham novas dimensões e influências.

Muito se fez, mas é preciso que haja consciência que o desenvolvimento é um processo contínuo de superação das limitações, que ainda são muitas. É preciso observar o que acontece no mundo, de forma que a posição relativa do Brasil esteja melhorando, principalmente nos aspectos relevantes, como na geração de poupanças. Com menores flutuações e diferenças setoriais na economia, pois em alguns já se atingiu uma situação de ponta. As especificidades brasileiras exigem uma maior independência dos recursos externos, pois é natural que ocorram confrontos de interesse no cenário internacional.



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