Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Opinião de Peso Sobre a Complexa Situação Asiática

27 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , ,

yuriko koike Todos sabem que, infelizmente, a situação política internacional está complexa na Ásia, com a forte ascensão econômica, política e agora militar da China, enquanto a presença norte-americana que sempre foi relevante está tendendo a diminuir. Todos torcem para que haja um entendimento diplomático, com base no forte intercâmbio econômico existente na região, mas existem os que, de forma realista, admitem que os investimentos em segurança internacional tendem a aumentar.

Num importante artigo, Yuriko Koike, ex-ministra da Defesa do Japão e importante dirigente do PLD – Partido Liberal Democrata daquele país, hoje na oposição, publica seus detalhados pontos de vista que foram publicados no jornal O Estado de S.Paulo de 26 de dezembro. Seus pontos de vista devem ser levados em consideração, dada a responsabilidade que teve em diversos cargos ministeriais. A tese dela é que a China, apesar do seu ímpeto pela hegemonia, depende demais do seu relacionamento com os países da Ásia para militarizar a região. Vale a pena ler a íntegra do seu artigo.

Ninguém pode duvidar que parte substancial do recente desenvolvimento da China ocorreu com a ajuda dos demais países asiáticos, do Japão e demais vizinhos, pelo fornecimento de financiamentos, investimentos e tecnologia, mas principalmente pela demanda dos materiais lá produzidos utilizando uma mão de obra cujo custo era relativamente baixo, e que foi incorporado no mundo globalizado.

Mas parece que a situação anômala nasceu com o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o Japão derrotado teve que aceitar, com o apoio de sua população, abdicar de contar com força militar para não correr o risco de novos conflitos. Nenhuma potência, por mais que seja econômica e tecnologicamente importante, pode prescindir dos mecanismos de sua defesa externa, dependendo somente do suporte de outras que eram poderosas na ocasião, como os Estados Unidos. Principalmente porque a China sempre teve uma grande importância mundial, e está recuperando a sua posição de todos os pontos de vista.

A China é hoje a principal parceira comercial, não só do Japão, como dos Estados Unidos e até o Brasil, sendo a locomotiva da recuperação da economia mundial depois da crise de 2008. Mas ela é complexa com variados interesses, sempre difíceis de serem coordenados, até dentro de um sistema de partido único difícil de acomodar todas as tendências políticas existentes no seu interior. Suas diferenças étnico-culturais, regionais, de classes econômicas da sua população são imensas. Ao longo de sua história, até recente, houve o predomínio de correntes diferentes, nada podendo garantir que a atual está totalmente consolidada.

É natural que a China pense primeira nos seus interesses e depois nos dos seus vizinhos asiáticos, havendo momentos em que eles não se coincidam. Yuriko Koike argumenta que a Guerra Fria como os diversos conflitos que ocorreram na região sempre provocaram pesadas perdas na Ásia, e registra a atual preocupante tendência chinesa, com a máxima de Deng Xiaoping que a China “disfarça a sua ambição e esconde suas garras”.

Mas prefere acreditar que a situação difere a da antiga União Soviética que visava a integração do Leste fechando-se ao resto do mundo, e a China reflete o conceito do velho estrategista Sun Tzu, que “visava ao enfraquecimento psicológico do adversário”. Segundo a autora do artigo, a China aprofunda os vínculos com os vizinhos asiáticos, possuindo interesses comuns, inclusive com o ingresso na OMC – Organização Mundial do Comércio. O problema é que ela não se empenha no cumprimento das disposições internacionais quando não lhes interessa.

De qualquer forma, enquanto se aguarda a confirmação dos entendimentos diplomáticos, todos são obrigados a aumentar seus investimentos em defesa, lamentavelmente, ainda que não sejam usados.



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