Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Segundo Artigo de Carlos Gohsn Para o Nikkei

6 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: , ,

Acaba de ser publicado no Nikkei, o mais importante jornal econômico do Japão, o segundo artigo do brasileiro Carlos Gohsn, que é o presidente da Renault/Nissan que está lançando o inovador modelo Leaf, um automóvel elétrico com zero de emissão de poluentes, projetado para grande expansão no futuro próximo no mercado mundial. Numa postura elogiável, ele expõe que as dificuldades atuais de um yen japonês extremamente valorizado, como o real brasileiro, bem como outros problemas japoneses devem ser resolvidos pelo desenvolvimento tecnológico.

Um artigo publicado pela prestigiosa revista Science, por outro brasileiro, Antonio Regalado, confirma que o Japão, em 2007, foi o país que mais investiu no mundo em pesquisa e desenvolvimento, chegando a 3,44% do PIB, contra 2,68% dos Estados Unidos e 1,11% do Brasil. Este ano de 2010 está sendo chamado por Carlos Ghosn como o que reconquistaram a reputação de Nissan da tecnologia.

Carlos Ghosn kaizen2

Carlos Gohsn emsua mesa de trabalho e o ideograma japonês de Kaizen

Carlos Ghosn refere-se a uma expressão “Jalapagos”, que o Japão é um caso hiperdiferenciado, econômica, artística e politicamente, não se ajustando às tendências atuais do mundo. Mas ele entende que isto não revela a elevada habilidade dos japoneses para se adaptar às novas circunstâncias para se manterem competitivos. Ele afirma que a tradição do kaizen, que significa contínuo aperfeiçoamento, vai desempenhar um papel fundamental.

Ele cita que a unidade de Oppama em Yokosuka, Kanagawa, é a mais confiável, operativa e competitiva da Nissan, onde nasceu o Leaf, e é a geradora de inovações. Ainda que a indústria automobilística tenda a se transferir para os países emergentes, a Nissan continuará produzir cerca de um milhão de unidades no Japão, para manter a sua tecnologia competitiva, aproveitando as suas pesquisas.

Mas para preservar esta orientação, os japoneses dependem parte das agências governamentais para manter a moeda estável, de forma que a indústria se mantenha competitiva. O discurso é semelhante a das empresas brasileiras, com os problemas que também elas enfrentam.

Ele esclarece que os engenheiros da Oppama trabalham lado a lado com os da Tailândia, por exemplo, para produzirem o March para ser exportado para o Japão. Ele acha que a cultura japonesa dos artesãos (craftsmanship) e do kaizen, quando bem aplicada, vai ajudá-los na manutenção da competitividade global.

Também muitas empresas brasileiras poderiam partilhar de parte destas ideias para se manterem competitivas, com uma atuação globalizada, mesmo dentro das dificuldades que enfrentam, e também necessitam de apoio do governo.



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