Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Tensões na Ásia

20 de dezembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

Um interessante artigo de Simon Tisdall, do The Guardian, publicado no O Estado de S.Paulo, resume muito bem os dilemas japoneses com as tensões que se observam no Extremo Oriente, tanto em função da agressividade chinesa, problema entre as Coreias, bem como as fricções com a Rússia. O Japão, que vinha contando com o guarda-chuva norte-americano, está colocado dentro de uma difícil situação que deve aumentar os seus gastos para a defesa externa, ainda que mantenha a sua posição pacifista desde o término da Segunda Guerra Mundial.

Os Estados Unidos não estão mais em condições de proporcionar a segurança do Extremo Oriente, depois das dificuldades no Vietnã, no Iraque e agora no Afeganistão, necessitando partilhar com outros países os pesados encargos que carrega. É uma situação estranha a do Japão, uma potência econômica que está limitada pelas disposições constitucionais em cuidar de sua defesa externa, ainda que opte por uma posição pacifista.

Compreende-se que, sendo a única vítima de um bombardeio atômico, tenha arraigada na cultura do seu povo a contrariedade de contar com força militar para a sua defesa, principalmente em uma potencial guerra. No entanto, todos os países que desejam ser independentes precisam contar com condições de assegurar o seu abastecimento, tanto de alimentação para a sua população como de energia e matérias-primas para assegurar o funcionamento de sua economia. Quando se entendem agredidos por países externos, como no atual caso com a China, ou potencialmente em risco com a Coreia do Norte e a Rússia, não pode depender de outras potências ainda que sejam os Estados Unidos e outros vizinhos do Pacífico.

O seu sistema de Defesa Interna não é suficiente, quando outros países aumentam seus gastos como vem fazendo a China, e contar com os Estados Unidos que nem consegue encontrar uma forma adequada para convivência com as tropas estacionadas em território japonês gera dificuldades que precisam ser equacionadas, ainda que com gastos expressivos. Alguns segmentos de sua opinião pública interna consideram que o Japão se encontra em condições humilhantes quando não pode reagir de forma vigorosa.

Ninguém imagina o uso da força, mas ela precisa existir como forma de dissuasão de potenciais agressões. Sempre a diplomacia é o caminho preferível, mas até ela precisa contar com a força capaz de dar forma a uma reação vigorosa.

Não é um problema fácil de ser resolvido, e nem claramente compreendido por aqueles que não vivem a atual situação, com o passado dramático pelo qual passaram. De qualquer forma, são problemas de segurança mundial que afetam a todos, e os esforços de beneficiar toda a humanidade com a atual globalização pode ser ameaçada por dificuldades que estão longe de serem somente regionais.

Mesmo para os países sul-americanos que se situam longe do cenário das atuais tensões, como todos vivemos numa aldeia global é preciso que se acompanhe, no mínimo, todas estas démarches com muita atenção.



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