Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Relatório Especial do Financial Times Sobre a Índia

27 de janeiro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: , , | 2 Comentários »

Se existe um país que está merecendo as atenções mundiais, ele é a Índia, mais que a China ou o Brasil. Acabou de ser visitado pelo presidente norte-americano Barack Obama, que não considera a Índia mais um país emergente, mas “emerged”, que já emergiu. Considera o grande parceiro tecnológico dos Estados Unidos nesta década e aprova a sua presença permanente no Conselho de Segurança da ONU. Manmohan Singh está previsto receber nos próximos seis meses David Cameron, primeiro-ministro inglês, Nicolas Sarkozi, presidente da França, Dmitry Medvedev, presidente da Rússia, Hu Jintao, presidente da China, entre os mais credenciados.

O relatório especial sobre a Índia e a Globalização hoje divulgado pelo Financial Times é um documento imperdível, que além de sua potencialidade descreve os problemas que enfrenta. A matéria principal, do jornalista James Lamont, fala do crescimento forte para melhorar a vida dos seus pobres, estampando uma foto do Barack Obama abraçado ao Manmohan Singh. Como lide, aparece que os líderes mundiais reconhecem o sucesso da potência em crescimento, mas para muitos hindus o quadro não é tão róseo.

Obama

Barack Obama e Manmohan Singh

A economia da Índia deve crescer neste ano 8.5%. O seu mercado interno é de 1,2 bilhão de habitantes, com oportunidades em infraestrutura, varejos e educação, que seguramente serão melhores nos próximos 40 anos. Avançam na terceirização da informática, indústria automobilística e farmacêutica. O grupo hindu Tata é o maior empregador na Inglaterra. O otimismo oficial com pessoal preparado internacionalmente é partilhado também pelo setor privado, que está promovendo aquisições no exterior.

Seu sistema político é estável, mas, além de amplos segmentos pobres, enfrenta insurgentes nas suas fronteiras com o Paquistão e o Afeganistão. Também enfrenta problemas de corrupção e de inflação, atualmente de alimentos. Ainda assim, continua recebendo investimentos diretos do exterior.

O seu Prêmio Nobel Amartya Sen continua apontando como seu maior problema o da má nutrição dos seus pobres. É uma clara demonstração que todos têm os seus problemas, mas estão lutando para superá-los.

Na inevitável comparação com o Brasil, constata-se que a Índia já conquistou uma importância mundial mais expressiva, contando com décadas de trabalhos, com menores flutuações e taxas mais elevadas de crescimento econômico, com um forte intercâmbio mundial consolidado.


2 Comentários para “Relatório Especial do Financial Times Sobre a Índia”

  1. Jose Comessu
    1  escreveu às 17:53 em 17 de fevereiro de 2011:

    Sr. Paulo.

    Com a assinatura do acordo de livre comércio entre o Japão e a Índia ( o primeiro do Japão com um país do BRICs), as relações comerciais entre o Japão e o Brasil não ficariam mais estagnadas?

    Lembro que a Suzuki Motors é a maior montadora japonesa na Índia, e o seu presidente está de olho no fornecimento de auto peças a baixo preço.

    Com isso os dekasseguis brasileiros podem perdem mais ainda os seus empregos, agora que existe uma remoção de barreiras.

    O que senhor acha disso?

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 21:10 em 17 de fevereiro de 2011:

    Caro Jose Comessu,

    O governo brasileiro veio insistindo em entendimentos multilaterais como a Rodada de Doha, e se atrasou nos bilaterais, que muitos países asiáticos estão efetivando. Também enfrenta problemas por participar do Mercosul, que exige que estas medidas sejam aprovadas pelos demais membros. Mas, admitindo as dificuldades dos acordos multilaterais, vem procurando medidas pragmáticas. Não há dúvida que empresas localizadas em países que estabelecem acordos bilaterais acabam se beneficiando, lamentavelmente. No caso concreto apontado, sem o acordo a empresa perderia competitividade, e todos ficariam sem os seus empregos.

    Paulo Yokota


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