Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Brasil Pode Minorar Problemas Mundiais

17 de março de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

No mundo cercado de grandes dificuldades, o Brasil se apresenta como uma alternativa para ajudar a resolver alguns problemas. Os lamentáveis danos provocados pelos terremotos e tsunamis no Japão, seguido dos problemas das usinas atômicas de Fukushima, forçam o mundo a utilizar as fontes de combustíveis que dispõem, além de fornecimentos adicionais de matérias primas e alimentos. Problemas que são agravados pelas dificuldades por que passam os países árabes. As atuais cotações do petróleo são uma indicação destas limitações.

O Financial Times, mesmo com suas idiossincrasias, registra num recente artigo que o Brasil pode servir como uma das plataformas para o crescimento, não só próprio, mas ajudar nas limitações mundiais. A brilhante entrevista de Dilma Rousseff ao Valor Econômico confirma a firme convicção da presidente sobre este desafio e sobre as formas pelas quais pretende enfrentá-lo. Não há nenhum risco da economia brasileira enfrentar a doença holandesa de que fala o jornal inglês, pois ela conta com maior diversificação, pensando fortemente na melhoria do seu mercado interno, contando com um sistema democrático como poucos no mundo.

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Gráfico publicado em matéria no New York Times

O governo tem a plena consciência que as gigantescas tarefas que têm pela frente exigem tecnologias e recursos para investimentos. As tecnologias de produção agropecuária estão sendo constantemente aperfeiçoadas por organizações como a Embrapa, além das que estão sendo introduzidas pelo setor privado, onde o estrangeiro é insignificante. Na mineração e seu aproveitamento industrial de sua produção, adicionando valor agregado, já está em andamento. Os desafios do pré-sal deverão ser enfrentados por um novo salto tecnológico que está sendo preparado, até com ajuda externa. Tudo indica que a próxima visita do presidente Barack Obama, deverá se centrar nos aspectos de cooperação tecnológica, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos podem ser um potencial consumidor da produção do pré-sal. Algo semelhante com o projeto Carajás que foi feito com os japoneses poderá ser negociado com os norte-americanos, contratos de fornecimento de longo prazo, que possam levantar parte dos recursos necessários.

Recursos humanos para tanto já estão sendo preparados, mas há que se aumentar substancialmente, tanto internamente como no exterior. O processo de desenvolvimento sustentável de prazo mais longo vai absorver muitos recursos humanos de mais alta qualidade e há que se aumentar a sua oferta.

O mundo está sendo obrigado a rever suas fontes de energia atômica com os problemas japoneses, o que deve elevar o seu custo. A matriz energética deverá sofrer alterações, e o Brasil conta com potenciais fontes fornecedoras de energia limpa.

Fornecimentos de petróleo, onde os países árabes são importantes, devem procurar diversificações, e na medida em que fiquem nas Américas devem contar com a preferência norte-americana, que importa até da Venezuela com quem tem acentuadas diferenças. Ainda que os Estados Unidos não apresentem todas as potencialidades de cooperação tecnológica, é uma importante alternativa, que deverá competir com os europeus e asiáticos. A diversificadas relações internacionais que o Brasil tem devem ajudar a efetuar boas negociações.

O Brasil tem a consciência que deve industrializar, ao máximo, os recursos minerais e os produtos agropecuários, adicionando valor e criando empregos. Está suficientemente alertado sobre a doença holandesa que poderia apresentar risco quando o café representava 70% de suas receitas de exportação. A dificuldade continua sendo o exagerado influxo de recursos financeiros externos, que necessitam ser controlados, pois afetam o câmbio. Ainda que os problemas japoneses sejam lamentáveis, parte de suas poupanças agora serão utilizadas para a reconstrução do país, não se destinando ao Brasil.

As atuais autoridades brasileiras parecem que estão dando mostra de que estão conscientes que o “samba de uma nota só” de elevação dos juros é coisa do passado.



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