Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Iniciativas das Empresas para Superação das Dificuldades

10 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , | 9 Comentários »

Dois artigos interessantes e totalmente diferentes, publicados no The Diplomat e no Financial Times, dão exemplos vivos de como num sistema descentralizado, utilizando as vantagens das economias de mercado, as empresas procuram formas de superar os obstáculos que se apresentam pelas sucessivas crises econômicas, tanto as de origem na crise financeira mundial como de 2008 como os desastres naturais de 2011 no Japão.

As economias de um país são mais complexas do que todos os estudiosos conseguiram consubstanciar em suas teorias, que sempre elegem alguns fatores com os quais procuram explicar os funcionamentos dos mercados. Elas são instrumentos que ajudam a pensar, mas são grosseiras simplificações, entre outros, supondo a racionalidade do comportamento humano, quando ela pode ser movida por outros sentimentos, até de sobrevivência.

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No The Diplomat, a autora Hiroko Ogawa fala de um Japão, uma nação construída com contradições e justaposições, onde convivem arranha-céus ao lado de templos antigos, ou um casal shinto efetuando um casamento do estilo cristão. Ela fala do “Cool Japan” e do “Isolated Japan”, o primeiro que cresceu aceleradamente, incorporando o mangá, Hello Kitty, celulares de alta tecnologia, robôs, sushi e muito mais do Japão atual, com toda a sua complexidade. O segundo é onde ocorre o “Galapagoszation” do país que, segundo ela, aplica-se a tecnologia japonesa, que foi desenvolvida a um nível razoável, mas que fez isolar a indústria japonesa.

Segundo a autora, a quintessência da Galapagoszation é o telefone celular do Japão, que foi dos pioneiros no mundo, provocando todas as inovações imagináveis com grande rapidez, mas, em vez de ter uma flexibilidade para adaptação no exterior, rejeitou qualquer padronização, ficando confinado somente na sua península. Assim, em abril de 2011, os cinco produtores mundiais são: 1) Nokia, 2) Samsung, 3) LG, 4) Apple e 5) ZTE (chinesa). A Sony Ericsson deixou de participar do grupo dos cinco mais importantes. Como consequência, o Facebook como o Twitter só é usado por 2% da população japonesa, quando está disseminada no mundo.

Agora, as empresas japonesas estão procurando se associar com outras estrangeiras para o desenvolvimento conjunto de tecnologias.

O Financial Times, num artigo de Daniel Schaefer, fala do sucesso alemão, para superar a crise de 2008, concentrar seus esforços no desenvolvimento de recursos humanos. Com a continuidade do seu desenvolvimento tecnológico em equipamentos, automóveis e química, a Alemanha emerge mais forte com a crise, com base nas suas pequenas, médias e muitas vezes familiares empresas, que chamam de Mittelstand, dedicadas a produção de bens caros e sofisticados.

Acabaram desenvolvendo closters, ou seja, uma espécie de mosteiro, que combina conhecimento das empresas, institutos privados de pesquisa, universidades e câmaras de comércio, preservando os relacionamentos pessoais.

No fundo, as economias de mercado permitem diferentes e múltiplas iniciativas, que somadas acabam refletindo um esforço nacional, dentro de um mundo globalizado. Não existe uma linha, um exemplo, todas as iniciativas são válidas, algumas darão certos, algumas não.


9 Comentários para “Iniciativas das Empresas para Superação das Dificuldades”

  1. Raphael
    1  escreveu às 00:47 em 11 de maio de 2011:

    Muito bacana.
    Mas só achei estranho citar a pouca penetração do Twitter no Japão, pois nessa mesma semana saiu uma pesquisa onde o Japão é o segundo país com maior % de twitteiros entre os internautas, com 26,6%, perdendo apenas para a Holanda. O Brasil ficou em 3º!
    O Facebook cresce por lá, como aqui,mas ainda preferimos Orkut e Mixi da vida…mas é questão de tempo.
    Talvez a colunista esteja falando de baixo uso de redes sociais no celular, por causa do alto número de ‘garakei'(Garapagos+keitai)em relação aos smartphones?

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 02:07 em 11 de maio de 2011:

    Caro Raphael,

    Muito obrigado pelos comentários. Realmente, o artigo dela fala mais do Facebook, mas gostaria de contar com a sua fonte das pesquisas que indicam o intenso uso do twitter no Japão. Tenho a “impressão” de que V. está correto, pois ela se refere também ao “garakei”. O sistema de telecomunicações do Japão é exclusivo, tanto que não consigo utilizar o meu celular quando estou viajando por este país, necessitando contar com a ajuda dos meus amigos para contar com um celular local. Tratando-se de um arquipélago, um satélite acaba cobrindo todo o país, fazendo com que as ligações pelo celular acabe com um custo mais baixo que o do telefone fixo, o que não acontece em outros países.
    Apesar de ter contribuido para o uso da tecnologia digital de alta definição do Japão no Brasil e na América do Sul, vejo que sua implantação oorre de forma muito lenta, ainda sem sombra da possibilidade de utilizar o “tooch screen” de forma generalizada, quando em 1985 eu já contava com esta tecnologia em Tsukuba. Outros produtores de eletrônicos acabam chegando ao mercado brasileiro mais rapidamente, com custos mais baixos, fazendo com que os japoneses não aproveitem o mercado que tem a sua tecnologia básica.

    Paulo Yokota

    Paulo Yokota

  3. Raphael
    3  escreveu às 09:35 em 11 de maio de 2011:

    Olá, sr. Paulo, a pesquisa foi do instituto Comscore (www.comscore.com), referente ao mês de março de 2011.
    Mas mesm antes já se sabia que o Twitter é forte no Japão.
    Na tragédia recente o serviço foi muito importante pros japoneses, tanto pra comunicação c/ seus conhecidos como para criticar o governo Kan (uma hashtag famosa foi #Kanokiro, “Acorde Kan”, muito bem humorado).

    Mas, esse isolamento não é lá exclusividade dos japoneses.Acompanho outros blogs de brasileiros na Ásia e um deles, de um morador da Coréia do Sul, disse que lá, apesar da Internet média mais rápida do mundo,o ‘browser’ mais usado é disparado o ultrapassado Internet Explorer, sendo que os webmasters e designers dificilmente pensam o conteúdo para outro software e os próprios usuários relutam muito em experimentar Chrome, Firefox, Opera, como no resto do planeta.Não sei se isso já mudou agora, mas cada país tem suas manias, né?

    Quanto ao mercado de TV digital brasileiro, realmente é estranho.Parece que os coreanos se aproveitaram melhor da situação.Acho, na minha opinião, que as empresas japonesas estão falhando é no marketing e vendas, mas estão ainda na vanguarda na questão de inovação.Só pra ficar em TVs, sabe-se que a Sharp lançará uma tv 3D de tecnologia exclusiva,sem óculos e menos distorção.A Sony investe junto com o Google na tv interativa deles (essa já não sei se vingará) e assim vai.Cabe explorar melhor esses produtos de ponta.Sinceramente, a Samsung faz produtos melhores que a Sharp?Há muitas controvérsias,mas ninguém nega que o marketing coreano dá de goleada.Uma vive nos anos 80 e outra no séc.21, é o que vejo.

    Aliás, olha que curioso:a Sharp produzia lápis e teve a fábrica destruída no grande terremoto de Kanto, em 1923.Daí, passou a a fazer rádios, depois tvs…da crise sai a oportunidade, como você mesmo escreveu!

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 10:24 em 11 de maio de 2011:

    Caro Raphael,

    Obrigado pelas informações adicionais. Acredito que em muitas partes do mundo, as novas tecnologias estão sendo usadas pela população, mais do que se imaginava. Meus amigos no Japão, especializados em China, recebem variadas mensagens de muitas fontes, que não concordam com os controles que as autoridades procuram estabelecer. Na recente primavera árabe está se verificando o intenso uso das formas eletrônicas de comunicação. No Japão, o tweeter foi mais rápido que os sites, televisão ou imprensa escrita, mesmo o telefone que ficou prejudicado e congestionado, principalmente em algumas regiões.
    Acredito que o Japão continua na vanguarda de algumas inovações, mas eles têm dificuldades para produzir bens que sejam acessíveis aos emergentes, não só asiáticos como a nova classe média brasileira. Muitos destes produtos estão se tornando descartáveis com o rápido desenvolvimento tecnológico, com sucessivos lançamentos de novos modelos, como novos produtos. É preciso amortizar rapidamente os investimentos feitos em tecnologia, com uma grande massa de produtos colocados rapidamente no mercado.
    Meus amigos da Fastshop no Brasil acabam vendendo mais produtos coreanos que japoneses, inclusive para os consumidores de elevada renda, efetuando partes crescentes de vendas pela internet, com as lojas servindo como show room.
    Do pouco de livre acesso da comScore que consegui, notei que em março último a Holanda estava na ponta da utilização do twitter, seguida pelo Japão e depois pelo BRASIL. Se V. costuma utilizar os seus serviços, parabens.
    V. poderia contribuir para o nosso site com alguns artigos sobre os assuntos de seu maior interesse, que pedimos enviar para o email: [email protected] que postaremos com o mínimo de revisão da redação, para uniformizar com o nosso padrão.
    Novamente, muito obrigado,

    Paulo Yokota

  5. Raphael
    5  escreveu às 10:13 em 11 de maio de 2011:

    http://migre.me/4vIJy

    Aqui está o link, comparando a Holanda com o resto.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 14:12 em 11 de maio de 2011:

    Caro Raphael,

    Muito obrigado pela colaboração.

    Paulo Yokota

  7. Raphael
    7  escreveu às 11:17 em 11 de maio de 2011:

    Realmente é impressionante.Aqui no Brasil, por exemplo, compramos uma tv Sony de 32″ por quase o mesmo preço de uma Samsung 42″!

    E obrigado pelo convite!De acordo com minhas possibilidades e limites, vou contribuir sim!Um forte abraço!

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 14:15 em 11 de maio de 2011:

    Caro Raphael,

    Obrigado pelas informações e pela sua disposição.

    Paulo Yokota

  9. cytotec
    9  escreveu às 18:50 em 22 de abril de 2013:

    Ótimo WebSite, isto salvou minha vida, meu futuro!


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