Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Rápida Reação das Empresas Japonesas aos Desafios

14 de maio de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , | 12 Comentários »

Diante dos desafios a que estão submetidas, as empresas japonesas estão respondendo com grande rapidez, mostrando sua capacidade de se ajustar às mudanças do mercado, promovendo inovações e entendimentos no exterior. O jornal econômico Nikkei, na edição deste sábado, dá informações sobre um conjunto de iniciativas que, muito rapidamente, estão colocando as empresas em situação de enfrentar de frente os problemas que estão tendo, promovendo um salto nas suas atividades. Um exemplo significativo foi dado pela Toyobo, que já foi a líder do setor têxtil e estava avançada na produção de filmes de polipropileno de vários tipos.

Com a necessidade de economia de energia, aumentou a demanda de células solares que utilizam muitos filmes. Ao mesmo tempo, o aumento do uso de celulares inteligentes, bem como tablets, por exemplos, aumentou o consumo de filmes. A Toyobo providenciou imediatamente filmes especiais para atender estas necessidades: que para ter custos mais baixos, passou dos filmes com base no fluorine para os de poliéster.

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A Mizuno, conhecida como produtora de materiais esportivos, passou a produzir roupas chamadas de “ice touch” (toque de gelo), voltadas para a demanda criada pela disseminação do chamado “cool biz”, ou seja, o uso de roupas informais para evitar o consumo de energia em aparelhos de ar condicionado.

A SWCC Showa, consagrada produtora de cabos, associou-se à chinesa Futong para a produção de arames industriais, bem como pesquisas para novos produtos em conjunto, visando atender as demandas para a infraestrutura.

Uma das maiores indústrias farmacêuticas japonesas, a Takeda, adquiriu a suíça Nycomed, que já conta com uma estrutura para atender países emergentes, começando pela Rússia. Elas estão se internacionalizando e visam os mercados mais dinâmicos, onde se destacam os países emergentes.

A Fujitsu, que sempre se concentrou nos computadores de grande porte, está transformando seus novos notebooks em tablets, pois está constatando a boa aceitação do iPad e outros produtos similares.

Estas notícias foram selecionadas de alguns dos artigos que mostram que as empresas japonesas estão se ajustando com rapidez às mudanças que estão ocorrendo no mercado, mostrando que elas estão capacidades para aproveitar as oportunidades que se apresentam com muita flexibilidade, abandonando uma postura conservadora que prevalecia no passado recente.


12 Comentários para “Rápida Reação das Empresas Japonesas aos Desafios”

  1. Lucas Capez
    1  escreveu às 11:45 em 14 de maio de 2011:

    Senhor:

    Não só a Takeda, mas, também, outras farmacêuticas japonesas vinham comprando o controle de rivais nos EUA (mormente), Alemanha e Índia, por exemplo. O escopo, naturalmente, é aumentar rapidamente a expansão no exterior.

    A Daikin (ar condicionado) assumiu o controle acionário de uma grande rival, salvo engano, malaia e vem tentando negociar a compra de um grupo norte-americano.

    A fim de se agigantar, a Ricoh adquiriu empresas no continente europeu e na Terra do Tio Sam.

    A holding Kirin foi às compras na Oceania e no sudeste asiático aumentando o seu faturamento.

    A instituição financeira Mitsubishi obteve o poder de controle de um dos maiores bancos da Califórnia.

    A corretora Nomura comprou as filiais do Lehman Brothers nos continentes asiático e europeu.

    Diversas multinacionais japonesas já manifestaram o interesse de construir unidades fabris no Brasil como a Panasonic (geladeiras e maquinas de lavar roupa), a Hitachi (ferramentas elétricas e painéis solares), a Asahi Glass (vidros), Aisin (autopeças), Sumitomo (pneus) etc.

    Toyota, Honda e Mitsubishi vêm desenvolvendo carros híbridos ou movidos a hidrogênio ou elétricos.

    O Japão, certamente, não ficará estático diante das rápidas mudanças que sucedem no planeta.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 04:13 em 15 de maio de 2011:

    Caro Lucas Capez,

    Obrigado pelos comentários. O que acontece com as empresas japonesas é decorrente de um mercado interno pouco dinâmico, e a necessidade de incorporarem conhecimentos para operarem em outros países. Não significa que terão sucesso nestas aquisições, pois absorver culturas empresariais no exterior nem sempre é fácil. De qualquer forma, estão fazendo um esforço para se internacionalizarem, e operarem como empresas multinacionais, mas não pode se esperar que todas tenham a mesma eficiência que tinham no Japão.

    Paulo Yokota

  3. Lucas Capez
    3  escreveu às 11:56 em 14 de maio de 2011:

    Sr. Paulo:

    Mas a Takeda comprou, DE FATO, a Nycomed? No jornal Valor Econômico constava que o grupo japonês ainda estudava adquirir a rival suíca.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 04:17 em 15 de maio de 2011:

    Caro Lucas Capez,

    As informações vindas dos jornais japoneses já confirmam esta aquisição, visando inicialmente o mercado russo, e pretendendo ampliar suas vendas em outros países emergentes.

    Paulo Yokota

  5. Tiago
    5  escreveu às 10:02 em 15 de maio de 2011:

    Sr° Paulo Yokota,
    Acontece que o mundo mudou e os japoneses demoraram pra se mover. Eles ajustaram rapidamente depois dos coreanos darem vários passos afrente.

    Veja o caso da Sony e Toshiba que reinava soberana na dec. de 80 e 90.Agora elas foram suplantadas pelas coreanas Samsung e LG.A Hyundai é a maior fabricante de navios do mundo estando subindo o posto na área automotiva.

    E mais.Eu não vejo as empresas, que o senhor citou no texto, atuarem de forma significativa no Brasil. Talvez tais empresas investiram demais nos países de 1° mundo negligenciando os mercados emergentes. Abriu portas pra os coreanos que souberam usufruir sabiamente destes mercados.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 11:21 em 15 de maio de 2011:

    Caro Tiago,

    Obrigado pelos comentários. Acredito que os japoneses estavam acomodados mas estão sendo obrigados a “acordarem” diante dos desafios a que estão sujeitos. A grande dificuldade de algumas pequenas economias é não contar com o mercado interno vigoroso, e muitos estão procurando os países emergentes, começando pelos seus vizinhos. A América do Sul ainda, no seu conjunto, está dinâmica suficiente, mas já em um mercado onde todos pretendem estar presentes.
    Os japoneses estão sendo obrigados a serem mais agressivos, inclusive na publicidade. Devem competir nestes mercados com os chineses e hindús, para atender a nova classe média que estão se consolidando em todo o mundo, principalmente no Brasil.
    O jogo internacional está ficando interessante, e quem andar será atropelado, e correndo pode ser que tenham condições de sobreviver.
    Preste atenção para as associações que estão ocorrendo no mundo asiático que tendem a formar uma comunidade parecida com da Europa, com japoneses, chineses e coreanos trabalhando em conjunto no desenvolvimento de algumas tecnologias.

    Paulo Yokota

  7. Carlos Silva
    7  escreveu às 11:32 em 15 de maio de 2011:

    De certo modo, o Tiago está certo, pois basta lembrarmos do exemplo da Toyota. A montadora fundada pela família Toyoda (com d mesmo) construiu a sua primeira fábrica no Brasil, mas sequer é líder por aqui. A multinacional nipônica resolveu investir mais nos EUA, onde vende mais de dois milhões de veículos automotores por ano.

    Acho que, realmente, alguns grupos do Japão “deram mole” e deixaram de faturar bem na nossa terra.

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 17:08 em 15 de maio de 2011:

    Caro Carlos Silva,

    Obrigado pelo comentário. Realmente, no primeiro momento as empresas japonesas se interessaram pelo Brasil como fornecedor de matérias primas. Algumas poucas empresas, como a Ajinomoto, além do fornecimento de matérias primas, interessa-se pelo mercado consumidor local como no caso de macarrões instantaneos. Aos poucos eles estão chegando, mas ainda a sua grande prioridade continua sendo a Ásia, depois os mercados desenvolvidos, e depois os mais distantes, como o Brasil.

    Paulo Yokota

  9. Olavo Alves
    9  escreveu às 16:35 em 15 de maio de 2011:

    Em 2008, a Takeda Pharmaceutical comprou a norte-americana Millennium Pharmaceuticals por cerca de nove bilhões de dólares. No mesmo ano, a Daiichi Sankyo tornou-se acionista controladora da Ranbaxy Laboratories, que é o maior laboratório farmacêutico da Índia. A Astellas Pharma, em 2010, assumiu o comando da OSI Pharmaceuticals dos EUA, por quatro bilhões de dólares. No caso, são os três maiores grupos farmacêuticos do Japão crescendo no exterior, através de aquisições bilionárias.

    O perspicacíssimo DR. PAULO YOKOTA acredita que, em breve, não só as empresas citadas no parágrafo anterior, mas, também, outras farmacêuticas japonesas olharão com mais carinho o Brasil? Não se ouve falar de medicamentos de marcas nipônicas no nosso país. Muitos, por aqui, só conhecem Honda, Toyota, Sony, Hitachi, Seiko, Yakult, Ajinomoto, Pilot, Pentel, Shiseido, ASICS, Bridgestone etc.

  10. Paulo Yokota
    10  escreveu às 17:03 em 15 de maio de 2011:

    Caro Olavo Alves,

    Muito obrigado pelos comentários. A Takeda, por exemplo, sempre foi uma grande empresa voltada para o mercado local, que agora procura ampliar suas atividades pelo mercado internacional, com prioridade para os mercados mais expressivos. Não existe tradição de medicamentos japoneses no mercado brasileiro, mas tudo indica que será uma questão de tempo. Eles começam a se interessar pelos mercados emergentes, e fatalmente chegarão ao Brasil. Mas, cautelosamente, pois necessitam consolidar os mercados onde já adquiriram empresas que possuem penetração.
    Não me parece que no exterior exista um exagero de promotores de vendas procurando convencer os médicos, como no Brasil. Isto exige uma custosa montagem de uma rede destes promotores, que não é da cultura japonesa.

    Paulo Yokota

  11. Raphael
    11  escreveu às 10:17 em 16 de maio de 2011:

    Existe uma farmacêutica japonesa que atua no Brasil, a Hisamitsu.
    Fabrica o Salompas, que já se vê em qualquer farmácia de bairro.
    Não sei se conta, mas essa marca já disputa a prefência dos ‘peladeiros’ contra a Gelol.

  12. Paulo Yokota
    12  escreveu às 11:43 em 16 de maio de 2011:

    Caro Raphael,

    Obrigado pelo comentário. Este parece ser o caso da exceção que confirma a regra. Este produto é muito antigo, principalmente dentro da comunidade nikkei, como alguns outros, e só agora começa a ser utilizada fora dela. Mas esta comunidade não chega a representar nem 1% da brasileira.

    Paulo Yokota


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