Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Disputa de Tecnologias dos Trens Rápidos

29 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , , | 4 Comentários »

Todos sabem que os chineses estão absorvendo tecnologias provenientes do exterior que, aperfeiçoados, informam serem seus. É o caso da nova tecnologia dos trens rápidos que utilizam na nova linha que liga Beijing a Xangaii, mais rápida que os dos japoneses e dos europeus. Sua patente está sendo requerida em cerca de 20 países pelos chineses, inclusive no Brasil, onde pretendem disputar a ligação de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. A notícia está publicada no jornal econômico japonês Nikkei de hoje.

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O jornal alerta que muitas tecnologias, cujas patentes foram requeridas na China, estão sendo aproveitadas e aperfeiçoadas pelos chineses. Isto ocorre tanto com as empresas japonesas como norte-americanas e europeias. Não há dúvidas que estes trens chineses são substancialmente mais velozes e seus custos devem ser mais baixos, pois se apropriaram de partes desenvolvidas por outras pesquisas.

E o que acontece é que os cerca de 8.000 quilômetros de trens rápidos que a China já implantou nos últimos poucos anos são todos altamente deficitários, devendo comprometer os orçamentos daquele país. Informa-se que estes trens são somente superavitários entre Paris/Lyon e entre Tóquio/Osaka e, mesmo com a elevada intensidade do seu uso nas linhas japonesas e europeias, todas continuam deficitárias, sendo crítico no caso chinês.

É claro que existem outros objetivos que são atingidos, mas as tarifas são elevadas e em países emergentes poucos são os passageiros que podem arcar com estas despesas. Utilizei nos últimos dias o TGV francês de Aix em Provence para Valence, e de Valence para Paris, totalmente lotados, mas eles já eliminaram a chamada primeira classe, e a segunda está desconfortável, não comportando muitas bagagens, os serviços são péssimos, e as estações estão coalhadas de carros estacionados nas ruas e nas estradas, pois não existem espaços para tanto. Economizaram tanto com o corte de funcionários, que avisam que as toaletes estão fora de serviços, até em trechos longos, ninguém vem examinar as passagens, não existem controles para a entrada e saída dos passageiros.

As estações destes trens acabam ficando afastados das cidades por onde passam e quem está com bagagens gasta muito com os táxis. Podem funcionar um pouco melhor para o uso habitual, que pode ter uma tarifa mais razoável, pois custa tanto como os vôos aéreos e, apesar da pontualidade, nota-se que os usuários incorrem em outros custos. Algo parecido também tem acontecido no Japão, ainda que seus serviços sejam melhores.

É preciso que haja estudos de viabilidade mais profundos, pois no Japão e na China eles servem áreas intensamente povoadas, havendo possibilidade de aproveitar as estações como pontos de venda. Mas isto acaba implicando em custos elevados de desapropriação, e os preços das construções brasileiras são bem mais caros quando comparados com os asiáticos que, mesmo enfrentando problemas como os brasileiros, têm seus custos reduzidos com as tecnologias que possuem para as construções civis, efetuadas em escalas bem mais elevadas.


4 Comentários para “Disputa de Tecnologias dos Trens Rápidos”

  1. Tiago
    1  escreveu às 10:07 em 30 de junho de 2011:

    Dizem que para uma empresa abrir fábricas na China, ela tem que transferir tecnologia. É isto mesmo?Está aí um dos motivos que conseguiram obter tecnologias tão rapidamente nos últimos 30 anos.

    Há quem duvide que as usem descaradamente nas suas empresas estatais? Competindo com as empresas que lhe forneceram isto.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 13:44 em 30 de junho de 2011:

    Caro Tiago,

    A China vem investimento muito no seu desenvolvimento tecnológico e só se interessam por empresas que patenteam seus produtos naquele país também. Muitos produtos estão baseados nas tecnologias destas empresas, mas fazem um aperfeiçoamento como no caso dos trens rápidos, aviões da Embraer etc. No caso dos trens rápidos, as tecnologias japonesas e européias alcançam cerca de 300 quilômetros horários, mas os chineses já possuem tecnologias que chegam a mais de 400, ainda que para conseguir uma eficiência economica estejam trabalhando abaixo deste limite. Ainda que existam problemas relacionados às patentes, todos desejam ocupar parte do mercado chinês, e ninguém é obrigado a investir por lá, mas todos acabam se interessando.

    Paulo Yokota

  3. Francisvaldo Rêgo
    3  escreveu às 19:42 em 30 de junho de 2011:

    Seu Yokota,
    Por que o Brasil não faz o mesmo que a China e toma as patentes dos americanos, japoneses, coreanos e europeus? Os chineses desrespeitaram muitas patentes e hoje estão onde estão. Brasieiro não pode ficar famoso só pelo futebol e carnaval. Os gringos só querem ganhar dinheiro no meu país.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 12:33 em 1 de julho de 2011:

    Caro Francisvaldo Rêgo,

    Obrigado pelo comentário. A China pode fazer o que tem feito, porque a dimensão e a dinâmica do seu mercado interno atrai a todos os investidores estrangeiros. O Brasil não conta com o mesmo poder de negociação, pois sua economia é bem menor e o seu ritmo de crescimento vem sendo a metade da chinesa. O caminho que V. sugere não é muito conveniente, pois sofreríamos uma forte repressão, ficando fora do mundo globalizado.

    Paulo Yokota
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    Paulo Yokota


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