Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Esclarecendo as Dúvidas Sobre a Economia Chinesa

5 de junho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: , , ,

531px-Stephen_Roach_2008 Diante das dúvidas que começam a serem levantadas pelo mundo afora, o China Daily publica um artigo do economista Stephen S. Roach, nada menos que o chairman não executivo do Morgan Stanley Asia e membro da Universidade de Yale. É uma clara indicação que o assunto preocupa e exige depoimentos de quem tem maior credibilidade nos meios internacionais. O artigo pode ter o titulo traduzido livremente como “Aqui estão os porquês a China é diferente” (Here’s why China is different).

Ele afirma que as dúvidas voltam com força, mas informa que o mais espetacular desenvolvimento dos tempos modernos, segundo lhe parece, deve continuar. As dúvidas se concentram na inflação, no excesso de investimentos, nos aumentos salariais e nos créditos bancários não cobráveis. Muitos proeminentes acadêmicos acham que a China, segundo o autor, teria entrado na armadilha da renda média, que teria afetado muitas outras economias. Muitos aspectos seriam fundamentados, mas 10 razões diferem a China de outros países, segundo Roach.

Na estratégia, a China teria macros objetivos claros desde 1953, no contexto dos seus planos quinquenais, até o recente 12º, aprovado neste ano, que estaria mudando de um modelo produtor para o florescimento de uma sociedade consumidora.

No engajamento (commitment), as memórias das turbulências, reforçadas pela Revolução Cultural (1966-1976), os líderes chineses dão elevada prioridade para a estabilidade. Eles evitaram efeitos colaterais na crise de 2008-2009, dando igual importância para o combate à inflação, bolhas nos ativos e deterioração da qualidade dos empréstimos.

O modelo chinês é, segundo o autor, diferente por dar ênfases iguais à estratégia, ao compromisso com a estabilidade e na determinação no cumprimento dos planos. O compromisso com a estabilidade é sua alma, mais de 30 anos de reformas não afetou o dinamismo econômico, reformas empresariais e do mercado financeiro têm sido chaves, e outras ainda virão. A China tem se mostrado boa aprendiz das crises passadas com mudanças de curso quando necessárias.

A poupança interna chinesa supera 50% do produto e atende as necessidades da sua economia, tanto para financiar os investimentos indispensáveis para o seu desenvolvimento como criar uma reserva de divisas que a tem protegido dos choques externos. Os chineses estão mudando parte dos excessos de poupanças para ampliar a demanda interna.

A imigração do meio rural para a urbana vem aumentando a população das cidades nos últimos 30 anos, passando-a dos 20 para 46%. Segundo a OECD, nos próximos 20 anos mais 316 milhões de chineses engrossarão esta migração, alimentando os investimentos em infraestrutura, comerciais e de construção.

O consumo relativamente baixo será estimulado neste 12º plano quinquenal, melhorando o poder de compra que deve passar do atual 37% do PIB, aumentando em 5% até 2015. Os serviços também são baixos com relação ao PIB, cerca de 43%, devendo crescer em cerca de 4% nos próximos anos.

Os investimentos diretos do exterior, atraindo multinacionais com o mais populoso mercado do mundo, vêm contribuindo para trazer tecnologias e sistemas de gerenciamento.

Com a educação, os chineses estão criando um enorme capital humano. Os analfabetos adultos são menos de 5% e 80% da população da idade correspondente recebem educação secundária. As universidades chinesas formam anualmente 1,5 milhões de engenheiros e cientistas, e a China caminha para ser uma economia baseada no conhecimento.



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