Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Artigos do Professor Antonio Delfim Netto

19 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , , ,

Se existe uma qualidade a ser destacada do professor Antonio Delfim Netto, com quem convivo há quase meio século, é a sua capacidade de captar, melhor do que todos, os problemas relevantes com a antecedência necessária. Muitas vezes, ele os apresenta de uma forma que somente os especialistas podem entender na sua plenitude, mas também como hoje, na sua coluna semanal no Valor Econômico, cuja apresentação é didática, de fácil compreensão para os leigos.

Ele resume um quadro mundial preocupante, com diversos fatos: a primeira com a desarrumação nos Estados Unidos numa disputa eleitoral entre os republicados que dominam o Congresso, e os democratas que estão no Executivo com Barack Obama, que dificultam a solução de problemas que podem afetar a todo o mundo, com possibilidade de um default norte-americano. A segunda são as dificuldades que aparecem na China, onde não ficam claros os problemas que ainda podem ser revelados ao mercado. O terceiro são as dificuldades europeias que tentam resolver seus problemas estruturais como se fossem meramente de liquidez. E, finalmente, a mudança das colocações da mídia internacional sobre o Brasil, que beneficiaram fartamente seus leitores pelos elevados juros elevados, e agora resistem às correções que estão sendo promovidas pelas autoridades brasileiras.

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Obama utilizou mal o seu “we can”, e o desemprego, que é de fato o mais cruel de desperdício dos recursos humanos, continua elevado, mais que nas outras crises. E não existem sinais de sua recuperação até a próxima eleição nos Estados Unidos. A China, que persegue suas três independências necessárias – a energética, alimentícia e militar -, deve continuar crescendo, mas a taxas mais modestas. A Europa necessita fazer um forte ajuste que parece difícil para alguns dos seus países, exigindo soluções adicionais aos que vem sendo adotados.

Tudo isto afeta o Brasil, pois as nossas exportações que vinham sendo beneficiadas por um cenário favorável na economia internacional vão exigir esforços maiores, principalmente para manter a qualidade do emprego indispensável para a sua população que continuará crescendo e envelhecendo.

O governo Dilma Rousseff se prepara para anunciar uma nova política que mantenha o setor manufatureiro e de serviços competitivos, mas muitos economistas insistem em elevar as taxas de juros, que agravam as já difíceis situações cambiais, que cortam os empregos internos e aumentam os gastos externos, criando empregos no resto do mundo.

Existem muitos outros problemas internos que necessitam de um equacionamento mais razoável, com um funcionamento eficiente da administração pública, na sua política de Estado indutor. Mas o quadro político continua exagerando nas suas reivindicações que só beneficiam pequenos grupos.

Quando o cenário internacional não favorece mais a economia brasileira, os esforços internos terão que ser desdobrados, para transformar as potencialidades conhecidas em fatores propulsores do desenvolvimento, proporcionando melhores padrões de vida para todos os brasileiros.



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