Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Consequências da Ajuda à Grécia Para o Mundo

22 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais | Tags: , ,

Todos sabem que a ajuda que a Comunidade Europeia concedeu à Grécia, com a participação do Fundo Monetário Internacional e dos bancos privados, com prazos mais longos e juros mais baixos que o anterior, ainda que declaradamente como um caso excepcional, acabará por provocar novas reivindicações de países europeus que passam por dificuldades semelhantes. Alguns já foram assistidos, como a Irlanda e Portugal, mas outros enfrentam dificuldades como a Espanha e a Itália, exigindo esforços internos substanciais para gerar a capacidade de honrar suas dívidas públicas.

Os atuais credores mundiais passaram a ser muitos que já enfrentaram dificuldades no passado, como a Coreia do Sul e o Brasil, além da China e do Japão que possuem reservas internacionais apreciáveis. O Japão, cuja dívida pública é extremamente elevada, tem o financiamento interno da mesma, e manifestou e já está ajudando a Europa, como muitos países que ainda suportam os Estados Unidos. Os antigos geradores de poupanças líquidas, como muitos países árabes exportadores de petróleo, estão reduzindo seus fluxos de recursos para as nações consideradas desenvolvidas para atender suas novas necessidades internas, criando empregos nos seus próprios territórios para acomodar os anseios de suas populações.

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A chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês Nicolas Sarkozy

Os problemas europeus certamente ainda não estão resolvidos, pois vieram gastando muito mais que produziam por décadas, e agora necessitam fazer ajustes dolorosos para gerar um mínimo de superávit para arcar com os pesados encargos destes débitos.

Se os Estados Unidos e o Japão também enfrentam seus problemas, certamente haverá uma tendência mundial para a redução do dinamismo econômico, que acabará transmitindo os seus efeitos até para as economias emergentes que vinham crescendo mais recentemente, como a China, a Índia e até o Brasil.

Todos dependem reciprocamente de suas exportações, pois ainda que tenham expressivos mercados internos a tendência é no sentido de evitar riscos, tornando-se conservadores. Parte dos consumos que puderem ser postergados o serão, fazendo com que o dinamismo que alimentam as economias sofra um arrefecimento, mesmo que sejam sacrifícios dolorosos para os que se acostumaram com padrões elevados.

Ainda que as crises gerem também oportunidades, as perspectivas dos operadores internacionais, inclusive do setor financeiro, tendem a ficar mais contidas com aversão aos riscos. Muitos projetos que podem ser promissores também serão conduzidos com muita cautela.

No mundo, todos tendem a colocar suas barbas de molho, e este clima psicológico coletivo em nada ajuda as economias, tanto na sua recuperação como na ampliação. Muitas economias endividadas terão que fazer grandes esforços de reformulação, elevando até suas tributações para gerar recursos indispensáveis para as assistências inevitáveis.

Ainda que muitas economias, como a brasileira, estejam numa situação menos vulnerável a um quadro internacional adverso, certamente muitas exportações de produtos, como o minério e outras matérias-primas, tendem a ser afetadas. É verdade que muitos que possuem ativos financeiros procurarão se garantir transferindo parte deles para ativos físicos.

O que se espera é que lideranças fortes e carismáticas tenham a capacidade de transmitir a todos os povos que um exagero nas suas contenções acabará sacrificando os empregos, agravando mais a situação. É preciso manter a serenidade para separar os aspectos psicológicos dos objetivos, pois a população mundial continua crescendo e elevando as suas perspectivas de vida, havendo demandas adicionais de todas as necessidades.



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