Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Evolução de Paris nos Últimos 50 Anos

4 de julho de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Depoimentos | Tags: , ,

Diversas circunstâncias me permitiram visitar Paris com frequência nos últimos 50 anos, e acompanhar a sua evolução desde o final dos anos cinquenta do século passado, como vinha cerca de quatro vezes ao ano para Genève, na Suíça, onde ajudava voluntariamente uma organização internacional voltada para trabalhos sociais. Os voos mais fáceis do Brasil eram via Paris, quando tinha sido inaugurado Orly, e era uma oportunidade para conhecer a Cidade Luz, com tantas histórias e patrimônios mundiais. Era ainda jovem e tudo me encantava, e isto me permitia usufruí-la por décadas, ainda que modestamente do ponto de vista econômico.

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Torre Eiffel, Arco do Triunfo e a Place de la Concorde

Não há nenhuma intenção de me gabar com estas notas, mas somente de informar que tenho um conhecimento mínimo para avaliar a evolução de Paris nestas décadas.

No final da década dos sessenta, quando exercia funções de direção no Banco Central do Brasil, muitos acordos financeiros internacionais efetuados na Europa proporcionavam oportunidades para o uso da agência do Banco do Brasil que tinha sido inaugurado em Paris, como uma das primeiras no exterior. O aeroporto de Charles De Gaulle foi inaugurado, e a Périphérique passou a ser utilizado de forma completa.

Em meados dos anos setenta, tornou-se embaixador em Paris, por três anos, o professor Antonio Delfim Netto, que tinha sido ministro da Fazenda do Brasil, de cuja equipe já participava desde os primeiros anos sessenta. Muitas boas oportunidades me permitiram conhecer o que há de melhor nesta grande metrópole mundial, inclusive suas livrarias.

De fins dos anos setenta para os primeiros dos oitenta, participava de reuniões internacionais na Europa e Paris era sempre estratégico para me deslocar por outros grandes centros, como Londres ou Roma.

Nas viagens para o Extremo Oriente, que vinha fazendo desde os anos setenta, mas se intensificaram a partir de meados dos anos oitenta, sempre houve necessidade de um pouso intermediário, e Paris sempre foi uma das opções.

De uma imagem romântica de Paris, quando Louvre era um dos museus mais importantes do mundo, pode se chegar a hoje, os primeiros dias de julho de 2011. Houve melhorias físicas como deteriorações, atraindo sempre multidões de visitantes, franceses como do exterior.

Houve épocas de invasões de turistas norte-americanos, de hordas de japoneses, agora de chineses, estudantes de todo o mundo aproveitando as férias escolares. Sempre houve presenças de estrangeiros, imigrantes e refugiados, mas aumentou a diversidade de simples habitantes, e o panorama humano mostrando muitas miscigenações.

A França como país da fraternidade sempre acolheu a todos, bons e maus. Corruptos e exilados políticos, estudantes de diversas partes do mundo, muitos vindos de ex-colônias, como a Argélia e outros países africanos, do Oriente Médio e da Ásia. Ao lado da riqueza econômica e cultural, também existem misérias em muitos dos seus bairros, onde estes imigrantes são mais numerosos.

Deve-se reconhecer que existem dificuldades para manter esta cidade limpa, principalmente quando a sua fase econômica não é das mais brilhantes. Noticiários que alternam júbilos com a eleição de Christine Lagarde para o comando do FMI, como a liberdade parcial de Dominique Strauss-Kahn, acusado de assédio sexual. E as dificuldades europeias como as gregas.

Mas o que se destaca é o número de estudantes de todos os países visitando Paris nesta época, com o início das férias escolares de verão no Hemisfério Norte, e de inverno no Hemisfério Sul. Em grupos maiores ou menores. E o número de turistas chineses comprando de tudo com grife, como fizeram os japoneses no passado. Os turistas de alto poder aquisitivo evitam estas chamadas altas temporadas, pois todos os serviços ficam deteriorados, os museus estão entulhados, há filas por todos os lados. Os franceses que não possuem muitas toiletes, mesmo os pagos, acabam criando incômodos para muitos visitantes.

Os museus estão com filas para entrar, e depois para as exposições temporárias. Os restaurantes e cafés estão repletos, mas de turistas, com os franceses habituées com seus lugares reservados.

Quando estas hordas invadem Paris, os europeus acabam fugindo para outras regiões, como as praias do Mediterrâneo ou de outros países, mesmo com a crise econômica, pois ninguém é de ferro…

Muitas estações e linhas de metrô estão em reforma, com poucos avisos, e os mapas que indicam as conexões possíveis não informam os que estão fechados temporariamente. Os assaltantes estão à espreita para aliviar os turistas. As malas atravancam as passagens dos metrôs.

A cidade é maravilhosa e por isto mesmo acaba atraindo multidões que não são atendidas adequadamente, principalmente pelos franceses que não costumam ser muito gentis com os turistas dos quais dependem.



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