Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

As Crises Impõem Mudanças Radicais

22 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: , , , , | 2 Comentários »

As empresas japonesas davam elevada importância para as tecnologias desenvolvidas dentro de suas empresas, contando com muitas dificuldades para operarem com organizações de outros países. A Nissan japonesa, entrando em dificuldades, passou a necessitar da colaboração da Renault francesa, o que se revelou extremamente útil, com o executivo brasileiro Carlos Ghosn comprovando que estrangeiros poderiam aproveitar a cultura empresarial do Japão, comandando uma empresa com forte tradição japonesa, com proveito recíproco. Poucos acreditavam que isto era possível e, desde então, muitas empresas japonesas passaram a ser comandadas por executivos estrangeiros.

Agora, o site da IG, com notícias provenientes da Dow Jones, informa que a tradicional Toyota japonesa se associa com a Ford norte-americana para colaborarem no desenvolvimento de veículos híbridos de gasolina e eletricidade, para caminhões leves e utilitários esportivos, uma colaboração difícil de acreditar até as recentes dificuldades da tradicional montadora japonesa.

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Quem conhece o processo de desenvolvimento tecnológico de empresas como a Toyota sabe que ele veio ocorrendo com a colaboração de milhares de sugestões dos seus funcionários ao longo do tempo, que foram se acumulando, resultando num respeitável acervo. Mas a maioria destes funcionários não conhece as fábricas dos seus concorrentes e o que se faz de bom e que poderia ser aproveitado nas suas atividades. A necessidade de ajustamentos, diante da crise que enfrentam, acaba por obrigar e convencer seus dirigentes que existem vantagens nas associações de grandes empresas concorrentes, com proveitos recíprocos.

Ambas as empresas já possuem sistemas híbridos no Ford Fusion e no Toyota Prius, mas estão juntando os seus esforços para se alinharem aos propósitos de economizar energia, como vem sendo proposto pelo presidente Barack Obama. Elas esperam que a colaboração reduza seus custos e acelerem os lançamentos de novos veículos híbridos.

Este grande exemplo pode indicar novos caminhos para as grandes empresas japonesas que ainda relutam intercambiar tecnologias com seus concorrentes europeus e norte-americanos, acabando por perder oportunidades de negócios em mercados emergentes como o Brasil, mesmo que ainda estejam atrasados nas instalações de unidades fabris nestes países. Sem produções locais, sempre fica difícil contar com fornecimentos importantes para muitos projetos existentes nestas economias.

Abrindo os olhos para estas novas possibilidades, as poderosas empresas japonesas que contam com importantes tecnologias e capacidade humana e financeira para novos empreendimentos, pode-se acreditar numa nova fase de brilhantes realizações, tirando a economia japonesa do relativo marasmo em que se encontra.


2 Comentários para “As Crises Impõem Mudanças Radicais”

  1. Rafael Sugano
    1  escreveu às 21:35 em 22 de agosto de 2011:

    sr. Paulo Yokota

    transcrevo abaixo um trecho do livro “Honda Motor, the Men, the Management, the Machines”, de Tetuo Sakiya (1982), p.16:

    “(…) In June 1980, Toyota Motor Company, Japan’s largest automaker, had proposed to Ford Motor Company that they jointly manufacture compact cars in America. Although talks on this proposal continued for a year, no agreement was reached, mainly because Toyota was afraid that a tie-up with Ford, which is on the “black list” of the Arab nations for having production base in Israel, might lead to a boycott of Toyota products by the Arabs (…)”

    Com esta associação, 30 anos depois das primeiras tentativas, sugere que a era do petróleo como combustível está próxima do fim, já que a Arábia deixa de ser um parceiro comercial de total importância, ou será que a Ford saiu da “black list” citada acima?

    De qualquer forma, é muito empolgante como observador ver um acontecimento destas proporções, pois faz crer que, desde que os valores sejam dedicação, trabalho em equipe, organização, é possível que se juntem duas empresas aparentemente competidoras.

    Pois nesse caso, não seria apenas uma fusão entre marcas e funcionários – o que normalmente aumenta o valor de mercado de uma das marcas e dispensa multidões de empregados – e sim uma associação, ou seja, troca de informações e tecnologias para produzir em colaboração? Se o objetivo é o carro híbrido, e posteriormente, o carro elétrico, então é motivo de comemoração.

    Rafael Sugano

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 17:13 em 23 de agosto de 2011:

    Caro Rafael Sugano,

    Obrigado pela contribuição. Muitas notícias sobre a colaboração das empresas japonesas com estrangeiras estão sendo divulgadas. O mundo está se globalizando e isto parece o caminho natural. Mesmo na área eletrônica muitas empresas asiáticas, concorrentes entre elas, estão juntando esforços em áreas específicas. Mas, existem muitas resistências que acabarão sendo superadas pela forte realidade.

    Paulo Yokota


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