Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Índia Aumenta Exportação de Produtos Sofisticados

1 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, webtown | Tags: ,

A Folha de S.Paulo republica todas as segundas-feiras um suplemento selecionando alguns artigos publicados no The New York Times, e hoje inclui um artigo de Vikas Bajaj com o título “A Índia já está exportando sofisticação”. Ele informa sobre a empresa Precision Automation and Robotics India, de Ranjit Date, que retornou há 20 anos para o país com doutorado obtido numa universidade americana.

O artigo informa que a exportação de bens é o dobro dos serviços, pelos quais a Índia é conhecida. E também que está exportando até robôs para a Caterpillar, Ford e Chrysler, com produtos desta empresa. Mostra que o caminho da Índia está sendo diferente da trilhada pelos outros países asiáticos, como o Japão, a China e a Coreia, que começaram com a exportação de produtos que utilizaram a mão-de-obra barata. Os indianos começaram diretamente com produtos de capital intensivo que utilizam mão-de-obra especializada. A Índia criou, por iniciativa governamental, alguns centros de exportação de produtos industriais, como na cidade de Pune com mais de 5 milhões de habitantes, sendo que os tradicionais como têxteis e agrícolas só representam 20% do total.

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O autor do artigo atribui esta exportação de bens de grande valor agregado às dificuldades da Índia, que não conta com uma infraestrutura desenvolvida e seus custos de previdência social fazem com que a mão-de-obra não seja tão barata como dos seus vizinhos. Na realidade, a Índia conta com um grande número de doutorados no exterior, sendo que os mesmos são mais baratos quando comparados com outros países similares.

O crescimento da economia indiana por muitas décadas, com taxas elevadas como de 8,5% ao ano, veio criando uma demanda interna que permite também que estes produtos mais sofisticados tenham competitividade no exterior. Na medida em que existe uma clara política econômica que proporciona condições para alcançarem alguns mercados externos, estes produtos podem representar um montante expressivo das exportações. Mesmo com uma pequena desaceleração neste ano com os problemas inflacionários, estima-se que a Índia crescerá cerca de 7,5%.

Quando se discute uma nova política industrial no Brasil, é preciso que as autoridades atentem para as experiências de outras economias emergentes como a Índia, que estão aproveitando os recursos humanos com que contam, e convidando grandes grupos estrangeiros para se instalarem no país, discutindo sobre as condições necessárias para tanto.

A Índia sempre contou com qualificados formuladores de política econômica, sendo que o atual primeiro-ministro Manmohan Singh é um destacado economista conhecido internacionalmente, junto com um grupo de outros com importantes cursos no exterior, principalmente na Inglaterra ou experiências em organismos internacionais.

O artigo reconhece que, para a continuidade do crescimento hindu e suas exportações de manufaturados, a Índia necessita de um grande número de profissionais de nível intermediário, além da melhoria da infraestrutura, como o que vem fazendo com a colaboração japonesa, criando um grande corredor entre Delhi e Mombei.



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