Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Kirin Japonesa Adquire o Controle da Schincariol Brasileira

2 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: | 10 Comentários »

No mercado brasileiro de cervejas, a AmBev tem uma participação de perto de 70% e a Schincariol próxima de 11%. Segundo os jornais brasileiros, a Kirin japonesa, que tem uma forte presença nos mercados asiáticos, teria adquirido 50,45% das ações da Schincariol, portanto o seu controle. A operação está sendo contestada pelos acionistas minoritários, do mesmo grupo familiar que vendeu sua parte, alegando possuir o direito de preferência.

A operação teria sido intermediada pela BTG Pactual, empresa brasileira especializada em fusões e incorporações, depois do fracasso da venda da Schincariol para a holandesa Heineken e para a sul-africana SAB Miller. A Schincariol passou por controvertidas dificuldades fiscais e financeiras, mas veio fazendo uma série de incorporações recentes de outras empresas do setor. Espera-se que todos os problemas estejam devidamente resolvidos, mas muitos entendem que ainda existem possibilidades de outras surgirem, na medida em que existem conflitos entre grupos de acionistas desta empresa brasileira familiar.

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Não pode se negar que a Kirin possui experiências internacionais, mas as culturas empresariais de grupos brasileiros familiares com as japonesas são bastante diversas, bem como as características dos mercados como os de cervejas e outros produtos relacionados com o setor. Ainda que operações casadas de vendas sejam proibidas pela legislação local, muitos admitem que sejam costumes impostos por alguns grupos, inclusive estrangeiros, que vinculam vendas de alguns produtos com outros.

As experiências passadas de muitos grupos japoneses indicam que nem todas as associações com os brasileiros foram bem sucedidas, sendo poucos os casos de joint ventures sobreviventes. É possível que o grupo japonês esteja disposto a comprar as ações dos minoritários pelas condições semelhantes dos majoritários, o que pode ser exigido pelas autoridades, sabendo-se que no Brasil o controle da empresa possui um valor expressivo, de forma diferente com os mercados onde os direitos das minorias são devidamente respeitados.

Ainda que a operação envolva valores expressivos, podendo se tornar a maior entre empresas japonesas e brasileiras, não se pode considerar que o setor de cervejas seja estratégico do ponto de vista nacional ou bilateral. Devem ser avaliadas do exclusivo ponto de vista empresarial e comercial, observando que estas fusões têm sido frequentes no mercado mundial.


10 Comentários para “Kirin Japonesa Adquire o Controle da Schincariol Brasileira”

  1. Juliana Gomes
    1  escreveu às 21:05 em 2 de agosto de 2011:

    Na opinião do tarimbado economista Dr. Yokota, há chances do grupo Kirin ter “marcado um golaço” com a compra da Schincariol? A empresa japonesa tinha praticamente nada de participação no mercado nacional e, agora, passa a ter cerca de 11% e, como é sabido, brasileiro AMA cerveja. A companhia nipônica poderia produzir no Brasil a sua linha de produtos, que são muito bons (já proveia a “Ichiban”). Aliás, a Kirin controla a campineira Tozan, que produz missô, molho de soja, vinho de arroz etc.

    A multinacional do Japão poderia, outrossim, adquirir a cervejaria Petrópolis que abocanha uns 8% do mercado nacional. O que o senhor acha?

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 07:00 em 3 de agosto de 2011:

    Cara Juliana Gomes,

    A operação ainda não está concluida, pois os minoritários informam que vão recorrer à Justiça, e joint ventures com sócios em litigio são complicados.

    Paulo Yokota

  3. joao
    3  escreveu às 00:59 em 3 de agosto de 2011:

    acusada de sonegaçao fiscal no br

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 06:58 em 3 de agosto de 2011:

    Caro João,

    É o que parece.

    Paulo Yokota

  5. Robson
    5  escreveu às 13:56 em 4 de agosto de 2011:

    Acho que a Kirin fez um mau negócio.
    Acredito que os minoritários querem uma posição vantagiosa para uma futura venda do restante da empresa, pois sabem que a justiça brasileira é lenta, muito lenta…

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 15:30 em 4 de agosto de 2011:

    Caro Robson,

    Estes assuntos são resolvidos no Judiciário pelos chamados despachos “liminares”, que são rápidos.

    Paulo Yokota

  7. mike
    7  escreveu às 22:11 em 7 de agosto de 2011:

    Dr. Paulo, os japoneses compraram outro Rockfeller Center?
    Esse filme já é previsível. A Kirin vai desembolsar uns U$ 6bi nessa aquisição, e daqui a dois anos, devido a problemas de gestão e falta de resultados, estará jogando a toalha p/a Ambev por U$ 1bi.

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 22:20 em 7 de agosto de 2011:

    Caro Mike,

    Também tenho a impressão que vão enfrentar problemas, mas não acho que se possa fazer projeções tão seguras como V. está fazendo.

    Paulo Yokota

  9. mike
    9  escreveu às 01:15 em 8 de agosto de 2011:

    É verdade, Dr. Paulo. Estou dramatizando um pouco a novela Kirin-Schin, porém considerando os números e o mercado, é difícil prever um final diferente disso.

  10. Paulo Yokota
    10  escreveu às 01:33 em 8 de agosto de 2011:

    Caro Mike,

    É uma possibilidade, mas o mundo é cheio de surpresas.

    Paulo Yokota


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