Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Problemas Mundiais de Grandes Dimensões e Complexidade

19 de agosto de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias | Tags: , , ,

Os problemas que estão sendo enfrentados pelo mundo são de grandes dimensões, complexidade ímpar, e não apresentam perspectivas de fáceis soluções ainda que haja disposições das autoridades de todo o mundo. Os Estados Unidos conseguiram o aumento do teto do endividamento e a Comunidade Europeia está dando assistências aos países membros mais endividados, mas suas dificuldades se propagaram por todo o universo, afetando tanto os gigantes asiáticos, como a China, a Índia e o Japão, quanto países emergentes como o Brasil.

Os grandes credores dos Estados Unidos, como a China, possuem ativos de mais de US$ 3,2 trilhões em dólares norte-americanos, sendo mais de US$ 1,1 trilhão em bônus do Tesouro dos 200917155610925Estados Unidos. O Brasil também está com o grosso de suas reservas internacionais em dólares e títulos do governo americano. A política norte-americana de aumentar a oferta de dólares em todo o mundo elevou o fluxo financeiro internacional, provocando a exagerada valorização de muitas moedas, inclusive o real. Estes complexos assuntos estão sendo abordados no artigo de Yao Yang, que é diretor do Centro para a Reforma Econômica da China da Universidade de Pequim, publicado pelo Project Syndicate e reproduzido pelo Valor Econômico de hoje.

A China, como outros países, terá que contar com a expansão do seu comércio fora dos Estados Unidos e da Europa. Ao mesmo tempo não poderá tomar medidas que acabem desvalorizando seus ativos nestes dólares norte-americanos, que continuam sofrendo dois efeitos importantes: primeiro, a sua desvalorização perante as outras moedas, inclusive com relação ao real; e o influxo de recursos que procuram segurança continuando a procurar os títulos do governo norte-americano, mesmo com a piora do seu rating.

A China está aumentando o seu mercado interno para compensar as dificuldades das exportações, como também o Brasil está procurando fazer, mesmo com as dificuldades orçamentárias. Precisam cortar suas despesas de custeio para manter o nível de investimentos, notadamente na infraestrutura e na reestruturação do seu setor exportador para a produção de bens para o mercado interno.

Muitos países estão fugindo de ativos financeiros para ativos fixos, mas as suas possibilidades são limitadas e não podem ocorrer rapidamente. As principais commodities, como o petróleo e alguns metais, já passam por um ajuste nos seus preços, pois seus estoques são suficientes para a demanda de muitos meses, num cenário de uma economia mundial desaquecida.

O ouro, como pretendido pela Venezuela, tem uma possibilidade restrita, ainda que esteja sendo procurado por muitos particulares como um refúgio para as grandes flutuações. Muitos imóveis chegam a sofrer uma espécie de “bolha”, necessitando de demanda que seria decorrente da melhoria do padrão de vida de muitas populações, bem como ampliações das instalações de muitas empresas.

Com atitude mais conservadora, ainda que disponham de muitos recursos para investimentos, os empresários procuram ficar com ativos financeiros, pois não estão otimistas com relação às demandas futuras dos produtos que poderiam fabricar. Sem uma perspectiva futura mais otimista, todo o mundo empresarial acaba adotando posições defensivas.

Yao Yang chega a propor que o yuan seja adotado como moeda mais utilizada no comércio internacional, que ainda continua se baseando no dólar norte americano. No entanto, não existe uma confiança internacional suficiente sobre a moeda chinesa que está sujeita as vontades políticas dos dirigentes da China.

O euro e o yen seriam moedas alternativas, mas tanto a economia europeia quanto a japonesa ainda não consegue se recuperar o suficiente para ser aceita internacionalmente em escala superior. Parece inevitável que muitos procurem fugir dos ativos em dólar, mas tudo só poderá ser feito ao longo do tempo. Muitas discussões ainda serão efetuadas, infelizmente, num cenário de grandes turbulências, pois os especuladores aproveitarão qualquer evento para provocar flutuações exageradas.

Não parece que exista uma solução mágica, e muitas reuniões entre dirigentes dos variados países ainda devem ocorrer, mas muitos enfrentam problemas eleitorais e insatisfações populares que acabam se expressando em manifestações públicas, algumas vezes violentas.

Manterem-se calmos, dentro do possível, parece ser a recomendação mais sensata, principalmente para os brasileiros cujas condições são pouco melhores do que de muitos países, mas é necessário que a classe política e os meios de comunicação social tenham ampla consciência de que estamos num cenário internacional de elevada complexidade.



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