Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Investidores Japoneses no Exterior

2 de outubro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Todos sabem que as taxas de poupanças na Ásia são elevadas e exercem um papel importante no financiamento mundial. Os chineses contam com elevadas poupanças transformadas em suas astronômicas reservas internacionais, mas elas são do governo e suas organizações estatais, algumas de empresas privadas, mas não são das famílias. No caso japonês, sempre as poupanças familiares foram importantes, além dos recursos que ficam nos fundos de pensões e nas empresas. Com a cultura moldada nos seus períodos de dificuldades, os japoneses têm a consciência que necessitam de reservas para sustentar os longos períodos de suas idades avançadas, com riscos de elevados custos de saúde.

Estas poupanças eram aplicadas no mercado acionário local e outras no exterior, pois os juros internos são insignificantes, mas nem sempre levaram em conta os riscos cambiais. Individualmente, mas muitos por intermédio de fundos das instituições financeiras, eles procuraram onde havia possibilidades de ganhos elevados, sem serem adequadamente alertados sobre os seus riscos. No mercado internacional, chegou-se a denominar muitos destes investidores como “Mrs. Watanabe”, algo como a velhinha de Taubaté que se tornou popular no Brasil. Quando o mundo passa por dificuldades como as atuais, uma parte substancial destes investidores acaba arcando com prejuízos.

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Um artigo publicado no jornal japonês de grande circulação, no seu site Daily Yomiuri Online, informa que as bolsas em todo o mundo, somente de março até setembro deste ano, sofreram uma queda estimada em US$ 10 trilhões. Deve-se às dificuldades enfrentadas pelo Japão, Estados Unidos e Europa, principalmente que se espalham por todo o mundo. Mas é preciso contar que isto é o que ocorre virtualmente, pois muitos dos bens que dão respaldo a estes valores ainda estimados em US$ 47,67 trilhões são imóveis, empresas, instalações industriais, fazendas, minas etc. que continuam existindo fisicamente do mesmo modo que no passado. O que mudou foi o papel que representa estes ativos.

Sob ângulo diferente, o prestigioso jornal econômico japonês Nikkei informa que necessita ser observado que os investidores individuais, as tais “Mrs.Watanabe”, estão movendo seus focos dos mercados emergentes, pois suas moedas como o real do Brasil, o rand da Africa do Sul e a lira da Turquia sofreram substanciais declínios, provocando perdas nos seus investimentos, principalmente quando considerados com relação ao yen.

Segundo o artigo, nos dois últimos meses, o real se desvalorizou com relação ao yen em 16%, o rand em 18% e a lira em 9%. Segundo a Nomura Reserch Institute, em setembro os investimentos de fundos expressos em real sofreram em cinco meses um refluxo de perto de US$ 1 bilhão. As cotações destes fundos caíram 15% em setembro, a maior queda desde outubro de 2008. Algo semelhante aconteceu com os fundos expressos em rand e lira.

O que é preciso adicionar é que estes investidores usufruíram de ganhos absurdos nos últimos anos e agora estão tendo algumas perdas. Nem sempre são as mesmas pessoas, mas quando alguns tomam prejuízos acabam provocando uma onda de refluxo destes recursos. Os montantes aplicados por eles no Brasil chegaram a mais de US$ 60 bilhões.

Como o Brasil e outros países emergentes continuarão necessitando de recursos financeiros externos nos próximos anos, as medidas de cautela que estão sendo tomadas pelas autoridades monetárias é de vital importância.



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