Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Aspectos do Japão Atual Vistos por um Visitante

7 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Algumas áreas de Tóquio e adjacências, observadas por um visitante que não os percorre há algum tempo, permitem notar as grandes alterações que se percebem no passado recente. Já nos referimos neste site sobre as substanciais mudanças do centro de Tóquio, com novas construções por toda a parte, bem como lojas luxuosas que se instalaram, apesar da propalada crise. Visitando a região de Tsukiji, onde funciona o principal mercado de produtos marinhos do mundo, notam-se modernizações com a manutenção do tradicional comércio de tudo que se refere à alimentação. O número de turistas estrangeiros é baixo, mas nota-se um aumento dos visitantes vindos de outras partes do Japão.

Percorrendo as ruas próximas ao mercado, constata-se a abundante oferta de todos os tipos de produtos, desde peixes e produtos marinhos de ótima qualidade, como frutas e legumes, temperos de todos os tipos, materiais para a culinária profissional e de famílias, restaurantes tradicionais e populares. Os melhores estabelecimentos só aceitam habituês, evitando turistas. A eles, outros estabelecimentos oferecem produtos de boa qualidade com preços acessíveis, no mínimo a metade do que se encontra em outras regiões do Japão. É possível apreciar sushis de boas matérias-primas por preços assustadoramente modestos.

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Tsukiji Fish Market

Poucas cidades do mundo oferecem a variedade de produtos como a região de Tsukiji, onde os visitantes ficam encantados vendo os produtos vivos. As alternativas são muitas, e comerciantes ativos apregoam seus produtos para os visitantes, poucos turistas estrangeiros, muitos que vieram do interior do Japão, notando-se que mesmo com a atual crise todos precisam se alimentar, havendo muitos pontos que procuram arrecadar doações para os pescadores da região Nordeste do Japão que continua afetada pela contaminação radioativa.

A noite de Akasaka está menos movimentada que no passado, e minha amiga e geisha de verdade, Tamaki, dona de um estabelecimento sofisticado que tem como base o sobá (macarrão de trigo sarraceno), informa que, por dois meses depois dos acidentes naturais de março último, as reservas foram todas canceladas, e mesmo a atual volta à atividade não é vigorosa. O bairro hoje se assemelha a uma Vila Madalena de São Paulo, com muitos jovens bebendo nas esquinas, comprando cervejas nas muitas máquinas de venda disponíveis. Acelerou-se a transferência de parte do movimento para outros bairros como Roppongi, que também continua menos movimentado, salvo do MidTown.

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Akasaka, com muitos bares em ruas estreitas

Nos arredores de Tóquio, visitamos Kawagoe (também conhecida como Little Kyoto), na província de Saitama, cerca de 60 minutos do centro de Tóquio, com muitos trens. É uma pequena cidade, famosa pela produção de doces e caramelos, onde se preserva ruas com construções da época de Edo, e conta com um tradicional festival. Surpreendente, encantadora, cheio de turistas japoneses, poucos estrangeiros. Para lá não existem excursões, mas merece uma atenta visita.

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Casarões de Kawagoe, província de Saitama

Os antigos casarões de madeira, alguns estão preservados, como em poucas regiões do Japão. Outros estão adaptados, e centenas de lojas vendem de tudo, de ótima qualidade, inspirados na época Edo. É até possível encontrar um riquixá modernizado (uma espécie de transporte, puxado por um homem). Muitos museus dão uma ideia do festival famoso como das edificações tradicionais. A rua dos doces faz a alegria de crianças e adultos, com um design moderno para os muitos produtos oferecidos. Uma festa para os olhos e para o paladar.

Muitos pequenos restaurantes, outros tradicionais, oferecem uma ampla variedade de culinárias, das mais sofisticadas às populares para a multidão de jovens visitantes. Os cafés estão lotados, com vistas espetaculares. Tudo quanto é artesanato pode ser encontrado nestas lojas, todas de boa qualidade, e ninguém resiste a um omiague, uma lembrancinha para os parentes e conhecidos, lembrando Kawagoe.

Existem também lojas com produtos finos, desde antiguidades até modernos mimos com design contemporâneos, mostrando a ampla diversidade do Japão atual. Como fica próximo de Tóquio, possível de se chegar por duas linhas de trens, a cerca de 30 minutos de Ikebukuro, não se compreende porque não é mais visitado pelos turistas internacionais. Mas os locais já infernam as ruas, pois muitos japoneses aproveitam os fins de semana para visitar Kawagoe, com seus carros que ficam nos muitos, mas pequenos estacionamentos.

Dizem que nos dias de festivais a cidade fica abarrotada com milhares de visitantes, que acompanham as dezenas de carros alegóricos que chegam a ser centenários, um verdadeiro carnaval japonês. Para quem deseja conhecer um pouco do Japão, parece uma visita obrigatória.

Este outono japonês está muito mais quente que o esperado e até as cerejeiras, confusas, floresceram novamente, em muitos lugares do Japão. As florestas não ficaram tão avermelhadas, mas em muitos lugares estão suficientemente coloridas, encantando a todos.

As novas lojas de Tóquio continuam cheias de compradores que procuram aproveitar as vendas especiais. Ambientes de luxo, como o salão de chá do tradicional Hotel Imperial, onde a elite japonesa sempre absorveu o que há de mais moderno desde o começo do século XX, continua sendo muito frequentado, permitindo ver algumas noivas privilegiadas que promovem suas festas de casamento nas muitas salas que existem nestes tipos de hotéis.



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