Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Filósofo Mais Influente Em Toda a Ásia

3 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 6 Comentários »

Os ensinamentos de Confúcio não se restringem à China, que vêm sendo destacados recentemente pelo governo daquele país para se contrapor a outros ocidentais. Mas se espalharam por toda a Ásia com destaque para a Coreia e o Japão. O respeito pelos idosos, pelos professores, pelos que transmitem a cultura, a importância da educação e outros princípios considerados relevantes pelos asiáticos decorrem, em grande parte, dos ensinamentos deste filósofo fenomenal.

Recentemente, o governo da China vem destacando a sua figura, utilizada como um símbolo da cultura chinesa, utilizando o seu nome como uma instituição para divulgação da imagem daquele país. O acesso possível pelo meio apresentado abaixo, em espanhol, permite conhecer parte dos seus ensinamentos, mas também imagens impressionantes da rica China, que sempre vai ser objeto de admiração, mesmo pelos que não concordam com as ideas políticas e econômicas atualmente implementada pelas suas autoridades.

Lao-tse

Ainda que os ideais democráticos consagrados pelas Revoluções Americana e Francesa proponham o ideal da igualdade entre os seres humanos, nota-se que os conhecimentos de Confúcio determinaram uma hierarquização da sociedade, com os mais idosos, os mais veteranos, os pais, com os professores considerados como os mais relevantes que os jovens, os alunos, os filhos.


6 Comentários para “O Filósofo Mais Influente Em Toda a Ásia”

  1. mike
    1  escreveu às 21:55 em 7 de novembro de 2011:

    Já li em algum lugar que o esforço de promover o confuncionismo pelo governo de Pequim era para dar uma ‘recauchutada’ no regime chinês, que já não atende os anseios da população.
    Parece que o governo chinês tem colocado o povo em um falso dilema, isto é a escolha entre riqueza ou democracia. Dá a impressão que a liderança pensa que se houver a democracia, a “Grande China” corre o risco de se esfacelar. Isso é bobagem, pois se o povo entender que é benéfica a união, eles poderão se desenvolver ainda mais.
    Sobre o respeito aos idosos, professores, uma certa hierarquização social, parece ser algo interessante, no entanto não consigo ver como alternativa séria a democracia, uma vez que privilégios, por mais bem intencionados que sejam no começo, podem acabar provocando muitas distorções, como engessamento da sociedade.
    Para enfrentar os desafios, uma sociedade precisa ser capaz de preparar e eleger os mais bem preparados, independentemente de sua condição de gênero, idade, religião, etnia, e não simplesmente o próximo da fila.
    Não sou defensor a competição livre e aberta, mas da oportunidade de participação.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 04:26 em 8 de novembro de 2011:

    Caro Mike,

    Não sei qual a sua formação acadêmica, mas seus comentários são simples para histórias e sociedades mais complexas. Não tenha preconceitos sobre a China que tem uma longa história e uma acumulação de uma cultura invejável. Existem, como em todas as sociedades que contam com muitas regiões e etnias, diferenças mesmo entre os majoritários hans, quando mais com as muitas minorias. Não existe nenhuma sociedade onde todos pensam igual, e a China tem mais de 8.000 anos de história, e cerca de 50 anos de socialismo. Não consigo ver em outras sociedades, alem da chinesa, uma perseguição tão tenaz sobre vantagens, lucros, resultados, ou como se deseja identificar o que se chama recentemente de capitalismo. O modelo liberal, que teve consagração no chamado Concenso de Washington teve uma interpretação distorcida no Ocidente, e acabou dando nas recentes crises mundiais. Hoje, procura-se utilizar mais modelos de social democrata, com forte participação do Estado indutor.
    A China sempre se chamou País do Meio, e eles tem a pretensão de serem o centro do mundo, há séculos. Estão voltando a ter a importância que tiveram até a Revolução Industrial. Como afirma um intelectual chinês, meu amigo, a China estava atrasada somente nos últimos 150 anos… V. parece ter a pretensão de ensinar os chineses, mas nós é que temos que aprender mais com povos com histórias mais longas como a dos chineses, hindús e até maias no nosso Continente, ou dos egpicios, persas ou iraquianos (que são herdeiros da Mesopotâmia). Um pouco de conhecimento de história nos torna um pouco mais humildes, e estamos precisando muito destas qualidades. Se V. lê bem em inglês, leia os muitos trabalhos de Joseph Needham que foi de Cambridge, e possui coleções de documentos e dados sobre a China, e é considerado quem mais acumulou conhecimentos sobre a China, tendo mais de 20 importantes livros escritos sobre o assunto, inclusive uma enciclopédia. Vamos procurar ser um pouco mais modestos e respeitar as culturas milenares, e não nos comportamos como jovens pretenciosos, pois a nossa história mal chega a 500 anos.

    Paulo Yokota

  3. mike
    3  escreveu às 22:58 em 8 de novembro de 2011:

    Dr. Paulo,

    Como vai?
    A China pode ter uma longa história e uma cultura invejável, mas como disse seu amigo chinês, o “país do meio” (algo um tanto relativo, por definição) dormiu nos últimos 150 anos.
    E neste século e meio muitas coisas aconteceram, e sociedades pouco relevantes
    no século 18 como os EUA, Inglaterra, França, Alemanha e o Japão impulsionaram o desenvolvimento mundial. Houve um incrível desenvolvimento em todas as áreas – nas ciência da terra, humanas e
    biológicas. Do automóvel a aviação, da eletrônica a computação, da química a engenharia genética. Houve também evolução social – superamos
    as sociedades de castas, a escravidão, separamos o Estado da Igreja, abolimos ou pelo menos tentamos diminuir as distinções de sexo e etnia, instituímos o sufrágio universal, fortalecemos as instituições e o estado democrático de direito.
    Já a China só retornou ao circuito mundial faz 30 anos, quando convenceu-se a deixar de lado o maoísmo que levou o país a idade da pedra lascada. E certamente os chineses entenderam que o mundo havia mudado, que havia um imenso desafio pela frente, e eles correram atrás em termos tecnológicos e econômicos.
    O que parece que eles não entenderam, ou tem medo de entender, é que também houve o desenvolvimento humano no mundo, no sentido de mais liberdade para as pessoas.
    Não sou bom em inglês, mas o pouco que vi sobre o sr. Needham percebe-se que ele escreve muito sobre os conhecimentos desenvolvidos pelos antigos chineses. No aspecto técnico, provavelmente não deve haver existir conhecimento
    nos escritos que os ocidentais já não tenham dominado, seja na matemática, engenharia,
    impressão, cerâmica, siderurgia, etc. Onde pode haver algum potencial de contribuição talvez seja na proposta de organização social, de alternativa a democracia ocidental. Isso, no entanto, é algo ainda a ser demonstrado, pois hoje parece o chinês estar mais ansioso pela liberdade do que o ocidental inclinado a abdicar dela. Honestamante, até agora não vi ninguém defender com fundamentos que o modelo chinês seja uma opção a democracia ocidental. Ouço muito mais restrições que aprovações.
    Não há dúvidas que civilizações antigas contribuíram muito para o desenvolvimento mundial na sua época, mas isso não lhe assegura nada hoje em dia, talvez uma curiosidade turística-histórica, vide a Grécia. Ainda bem.
    Saudações.

    Mike

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 07:34 em 9 de novembro de 2011:

    Caro Mike,

    Só posso concordar com parte do que V. comenta, pois noto que V. tem um preconceito com os chineses que me deixa perplexo. O maoismo só vigorou na China por cerca de 50 anos, dentro de uma história de 8.000 anos no mínimo. Parece que V. acha a chamada democracia decorrente da revolução americana e francesa que considera todos os seres humanos iguais, mas existe no mundo sociedades como as asiáticas que consideram que os pais precedem os filhos, os professores aos alunos, os mais idosos aos mais jovens etc. As sociedades são hierarquisadas de alguma forma, e só se persegue o ideal da igualdade. Lamentavelmente, não posso concordar que os mais ricos predominem sobre os mais pobres, e mesmo no Ocidente atual, tende a disseminar-se uma social democracia onde o Estado procurar proporcionar o máximo de igualdade de competição. Existem muitas formas de organização social e a predominante no Ocidente está conduzindo as crises atuais, pois o sistema financeiro está cada vez mais poderoso quando a tecnologia poderia ajudar mais no desenvolvimento com sustentabilidade, ou seja, preservando o meio ambiente. Hoje até os emergentes precisam ajudar os Estados Unidos (que continuam prejudicando seus parceiros provocando uma exagerada desvalorização do dolar e a valorização das demais moedas), a Europa que está se esfarelando e um Japão que continua patinando. Precisamos aprender a conviver com valores diferentes, respeitando culturas antigas como a chinesa, a hindú, a persa e outras mais. Se na Índia existem muitos que acham que a felicidade humana não se deve a acumulação de bens, devemos respeitar suas convicções que foram transferidas para a China e a muitos na Ásia. A pretensão que somos melhores que os outros parece-me um preconceito. Estude como se estruturou, por exemplo, a cultura maia nas Américas, para fugir da Ásia. O mundo é mais complexo que parece, e infelizmente, nem sempre os seres humanos são racionais, muitas vezes somos guiados pela emoção, principalmente quando em coletividade.

    Paulo Yokota

    Paulo Yokota

  5. mike
    5  escreveu às 00:58 em 10 de novembro de 2011:

    Dr. Paulo,

    Sem querer estender muito a discussão, que também me toma o tempo, quero esclarecer que o sr. se equivoca ao pensar que tenho preconceito com os chineses.
    Muito pelo contrário. Além de ter colegas descendentes de chineses com quem nunca tive problemas, acho interessante sua comida e seus filmes, por exemplo “Adeus, minha concubina”, “Lanternas vermelhas”, sou fã da Michele Yeoh, etc.
    Também estou ansioso pelo que a China é capaz de fazer para melhorar o mundo contemporâneo, além de ser a fábrica que absorve matéria prima de países como o Brasil e prove manufaturados em larga escala e baixo preço. Será que ela vai tornar o mundo mais equilibrado?
    Mas com certeza, não serei eu a bradar a bandeira do modelo social chinês como alternativa a democracia ocidental já que não concordo com seus métodos – forte estatismo, controle social e censura.
    Por humanidade o que podemos, ou devemos, fazer é denunciar as arbitrariedades e as ações que atentam contra os seres humanos, a vida e o meio ambiente, quem quer que a pratique, sejam os EUA, a Líbia, Israel, China, etc.

    Mike

    PS: pode o maioísmo ter durado “apenas” 50 anos, mas em mundo de mudanças rápidas, e pelo próprio impacto de Mao Tse Tung, parece que esse passado recente foi mais preponderante na formação da China presente que os demais 7950 anos anteriores.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 19:25 em 10 de novembro de 2011:

    Caro Mike,

    Preconceito não se define pelo que V. mencionou. Por exemplo, existem muitos norte-americanos que apreciam o jazz e outras contribuições dos afro-americanos, mas não aceitam o Barack Obama como presidente.
    Se V. está imaginando a China, que também tem os seus defeitos, como um país que continua com tecnologia defasada, pode ser um engano. Em muitos setores estão com as tecnologias mais avançadas, como na construção civil. Suas universidades estão hoje entre as melhores do mundo, atraindo acadêmicos das melhores universidades norte-americanas, como aconteceu no final da Segunda Guerra Mundial, quando os americanos absorveram muitos europeus de primeira linha.
    Quem sacrificou milhões de chineses foi o Nixon, com o boicote no fornecimento de alimentos. Acho bom V. visitar a China e procurar conhecer um pouco daquele país, se imagina que Mao influenciou mais que 7950 anos da história chinesa. Como a China é um grande país geograficamente, e conta com uma história de milênios lá não se esconde o que importaram da Índia, como o budismo.
    Sou descendente de japoneses e fico muito constrangido quando na Era Taisho e Showa desenvolveu-se no Japão um militarismo nacionalista que alterou e enganou parte substancial da população japonesa, como se ikebana ou cerimônia do chá fossem japoneses. Trabalhei na Coreia e na China, como no Japão, e os japoneses aprenderam a cerâmica chinesa por intermédio dos coreanos, e já havia estas artes naqueles países. O preconceito que ainda perdura entre os japoneses e seus descendentes com os chineses e coreanos é lamentável.
    O que afirmo é que devemos admirar as coisas boas de todos os povos, como observar as coisas lamentáveis, como ensinou Oliveira Lima num livro escrito em 1903. Esta discussão não leva a nada, pois não vejo possibilidade de V. aceitar os socialistas ou sociais democratas, pois suas convicções “liberais” só beneficam os mais ricos, impondo aos demais mecanismos que já se relevaram ineficazes, provocando crises como as recentes e atuais, prejudicando inclusve o Brasil. O que reafirmo é que devemos aceitar os outros que possuem convicções diferentes das nossas, pois temos que conviver numa aldeia global, e sem preconceitos. Normalmente, os que acham que não possuem preconceitos são os mais perigosos.

    Paulo Yokota


Deixe aqui seu comentário

  • Seu nome (obrigatório):
  • Seu email (não será publicado) (obrigatório):
  • Seu site (se tiver):
  • Escreva seu comentário aqui: