Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Procurando Entender Alguns Problemas Complexos do Japão

6 de novembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

Em todas as viagens, como esta minha atual ao Japão, existem muitas oportunidades para receber informações adicionais que acabam provocando reflexões, permitindo compreender melhor parte de alguns problemas difíceis que são complexos para serem analisados à distância. Um deles refere-se ao yen extremamente valorizado, quando a economia japonesa não se encontra numa situação brilhante e seus juros são baixos, mas existe um forte influxo de recursos mesmo que não seja das economias mais seguras, com sua elevada dívida pública e baixo crescimento. O segundo é o interesse de parte da população japonesa sobre as influências recebidas dos portugueses do ponto de vista da arte.

Não são respostas conclusivas para questões tão complexas, mas a desconfiança que existem profundas razões objetivas que permitem compreender melhor algumas atitudes que nos parecem pouco exageradas. São meros esboços que exigem um exame mais profundo para que possam ser considerados como corretos. O cultural parece mais evidente, e o econômico mais complexo, e ambos devem merecer textos específicos adicionais neste site.

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Capa catálogo da exposição no Suntory Art Museum e Tsutomu Fujita do Citigroup

A memorável exposição “Light and Shadows in Namban Art: The Mystery of the Western Kings on Horseback”, que está sendo apresentada no Museu de Arte da Suntory, em Tóquio, comemora nada menos que o seu 50

º aniversário, o 30º aniversário do Museu da Cidade de Kobe, e as pesquisas foram promovidas pelo National Research Institute for Cultural Properties, Tokyo. Ao escolherem este tema para estas comemorações, o que foi feito por instituições tão importantes, deve-se a elevada consideração que os japoneses concedem à contribuição dos portugueses, pois Namban é a expressão que se refere a eles.

Na exposição, fica clara que a contribuição portuguesa não se restringe ao comércio que se iniciou em 1543 com o uso do entreposto de Macau, a vinda de São Francisco Xavier em 1549 trazendo o cristianismo, cuja expulsão final dos seus adeptos ocorreu em 1614, com muitos mártires que foram sacrificados e considerados santos pela Igreja Católica, Roma. A influência dos portugueses comprova-se por análises profundas das obras dos artistas japoneses, que absorveram técnicas trazidas pelos portugueses, contribuindo permanentemente para a cultura japonesa. Além de muitas centenas de palavras japonesas que tiveram origem no idioma português.

Um artigo publicado no jornal Nikkei por Tsutomu Fujita, um dos dirigentes do Citigroup, explica as expressivas valorizações que vieram ocorrendo deste o câmbio de 360 yens por dólar norte-americano até os níveis atuais de 75 a 79 yens por dólar. Sugere que os investimentos japoneses no exterior estão ocorrendo com este yen extremamente forte, permitindo entender os absurdos como a aquisição da Schincariol pela Kirin com os preços divulgados.

Muitos esperam que a economia japonesa continue avançando, determinando a continuidade da valorização do seu câmbio, e ele sugere que é preciso pensar na globalização com a perspectiva que o câmbio chegue a 50 yens por dólar, diante da acumulação de reservas adicionais, com seus superávits comerciais. Esta especulação cambial pode explicar o forte influxo de recursos do exterior, mesmo que os juros internos do Japão sejam mais baixos que os vigentes no exterior, não proporcionando retornos. O objetivo acaba sendo o de ganhar com a valorização do câmbio.

Esta perigosa especulação de curto prazo já provocou prejuízos aos investidores estrangeiros, por exemplo, no Brasil, esperando os ganhos com os diferenciais de juros, que são elevados na economia brasileira, mas tendem a baixar, ao mesmo tempo em que provoca flutuações na taxa de câmbio brasileira. Muitos recursos já retornaram ao Japão, depois de realizarem prejuízos, e como gatos em água quente, não voltarão tão cedo.

Mesmo não concordando totalmente com o artigo publicado no Nikkei há que se considerar suas colocações. Nem sempre é possível compreender rapidamente as influências dos fatores sugeridos tanto pelo artigo como pela exposição.



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