Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Críticas ao Desenvolvimento Chinês e Brasileiro

29 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , | 2 Comentários »

Apesar de aulas de renomados professores de desenvolvimento econômico, entre eles Antonio Delfim Netto, parece ser de difícil compreensão até para os economistas que este processo implica em constantes superações de problemas, que geram desafios que necessitam ser transpostos. Trata-se de um processo em que a superação de um obstáculo acaba criando outros que também precisam ser vencidos. Não existe, na história da humanidade, nenhum processo de desenvolvimento econômico que ocorreu sem nenhum problema, ou não estaríamos no mundo de recursos escassos onde o que se deseja sempre vai se multiplicando.

Apesar do espantoso desenvolvimento pelo qual vêm passando a China nas últimas décadas, muitos na mídia internacional procuram ressaltar as suas dificuldades e não as conquistas que vem superando. Que problemas ainda existem, ninguém duvida, ainda que uma massa de mais de um bilhão de chineses melhorou o seu padrão de vida nestes anos. Só não admitem os que não querem ver. Eles passaram a fazer parte importante dos produtores mundiais, a ponto de incomodar o resto do mundo, e ao mesmo tempo tornaram-se grandes consumidores que sustentam a atual economia mundial. A China tornou-se a principal parceira comercial da maioria dos países relevantes no mundo.

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A China tem mais de 9,6 milhões km², sendo parte de desertos e montanhas inabitáveis, e mais de 1,4 bilhões de habitantes

Numa escala menos expressiva, destaca-se também o Brasil nas últimas décadas, que, mesmo sem a mesma expressiva taxa de crescimento econômico da China, vem impressionando o mundo com uma sensível melhoria na sua distribuição de renda, incorporando na sua classe média produtora e consumidora um segmento de sua população que impressiona o mundo. Consolida o seu regime democrático, com a sucessão de seus governantes desde o seu período de regime militar, com expressivo aumento de sua produção agropecuária e de recursos minerais. As limitações com que contam são públicas, notadamente na sua infraestrutura física e social, ao lado de sua desfuncionalidade na gestão pública e privada.

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O Brasil tem mais de 8,5 milhões km² habitáveis, e uma população superior a 190 milhões de habitantes

Mesmo com algumas desacelerações recentes diante da crise que abala o mundo atualmente, tanto a China como o Brasil conseguem manter um crescimento razoável, contribuindo para a recuperação da economia mundial, aumentando suas presenças nas discussões dos problemas que afetam a todos. Ambos os países ampliam seus mercados internos, procuram melhorar a sua distribuição de renda, intensificam suas pesquisas visando maior eficiência tecnológica nos diversos setores de suas economias. Muitos dos que criticam seus problemas mal resolvidos apontam caminhos que imaginam para a sua superação, outros os fazem com objetivos políticos visando substituir quem está no comando do seu governo.

Mesmo que a China tenha um sistema de partido único e considerando autoritário politicamente, ela vem incorporando no seu particular processo os segmentos que manifestam algumas de suas inconformidades, convivendo com um setor privado cada vez mais ativo. É preciso admitir que, de uma forma pragmática, vem ocorrendo mudanças substantivas nas suas orientações políticas, que já deixou de ser simplesmente socialista, fazendo com que a procura de vantagens por parte da população que sempre existiu no país permitisse o afloramento de um segmento privado que procura eficiência, o que já atingiu em alguns segmentos, mas que ainda têm muito a conquistar. O que não parece justo apontar é que o sistema chinês esteja imobilizado na procura de suas aspirações sociais, ainda que muitos prefiram sistemas considerados democráticos semelhantes aos ocidentais. De qualquer forma, há que se admitir que a China seja hoje muito diferente do período em que esteve sob o comando de Mao Tsetung.

O Brasil também vem mudando, procurando melhorar a sua política econômica, incorporando investimentos provenientes do exterior, melhorando a sua exploração dos recursos naturais, procurando diversificar os seus relacionamentos externos. Tem fortes limitações que nem permitem acompanhar o ritmo de desenvolvimentos dos demais membros do grupo que se convencionou chamar de BRIC. Mas antecipou-se na sua plenitude democrática, melhorando a distribuição de suas atividades econômicas por regiões antes menos aproveitadas.

Muitos afirmam que tudo isto poderia ser efetuado com maior eficiência, com avanços simultâneos em diversos segmentos, tanto na China como no Brasil. Talvez, mas muitos destes analistas não tiveram a experiência de serem responsáveis pela administração de complexos países como estes, com todas as suas limitações, que são muitas. Nem sempre o que se deseja é possível de ser executado em tempo e na hora exata. Existem limitações físicas que exigem um espaço de tempo para a sua execução, além de novas exigências como os de preservação do meio ambiente. Ou seja, o desenvolvimento econômico passou a ter exigências de sustentabilidade, que nem sempre foram respeitadas por outros países em seu devido tempo.

O desenvolvimento econômico é datado, e os que atingiram antes os estágios em que encontram procuram estabelecer regras internacionais que lhes sejam convenientes. Os emergentes atuais, como a China e o Brasil, contam com restrições superiores aos que existiam no passado, mas estão conseguindo superá-las.

Hoje, o mundo todo admite que as grandes oportunidades estejam nos países emergentes, exatamente porque não estão com todas as condições indispensáveis atendidas, ao mesmo tempo em que a ampliação dos seus mercados internos continua sendo fatores que geram possibilidades de retornos expressivos.

Todas as críticas bem formuladas são benvindas, principalmente quando as causas das limitações estão identificadas, apresentando-se alternativas mais eficientes para as suas superações. Sempre existem opções a serem decidas, mas tudo indica que as autoridades em qualquer país estão suficientemente pragmáticas para não se aferrarem somente a algumas, admitindo que no atual mundo globalizado existam aprendizados que podem ser obtidos com as experiências de outros.


2 Comentários para “Críticas ao Desenvolvimento Chinês e Brasileiro”

  1. Críticas ao Desenvolvimento Chinês e Brasileiro » Asia comentada | Info Brasil
    1  escreveu às 15:34 em 29 de dezembro de 2011:

    […] Read the original post: Críticas ao Desenvolvimento Chinês e Brasileiro » Asia comentada […]

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:54 em 29 de dezembro de 2011:

    Thanks for the mention of the article.

    Paulo Yokota


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