Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Japan Times Republica Artigo de Michael Spence

27 de dezembro de 2011
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Michael Spence, Prêmio Nobel de Economia, professor da Universidade de New York, no seu artigo reproduzido pelo The Japan Times, originalmente publicado no Project Syndicate, chama a atenção que os Estados Unidos estão demasiadamente preocupados com o câmbio, e está se descuidando do problema da produtividade e de suas relações comerciais. Ele chama a atenção que os Estados Unidos está com déficit comercial com quase todos os países, como o Canadá, México, China, Alemanha, França, Japão e Taiwan, além dos países exportadores de petróleo, sendo o mais expressivo com a China. Se calculado pelo valor adicionado nos produtos dos diversos países, a lista não se alteraria muito, mas a posição da China cairia muito.

Os países como o Japão, a Coreia e Taiwan possuem superávit com a China e a Alemanha mantém um razoável equilíbrio neste comércio. Os Estados Unidos está um déficit comercial persistente e global que oscila na faixa de 3 a 6% do PIB. Mas o Congresso dos Estados Unidos está obcecado com a China, referindo-se a sua manipulação da taxa de câmbio. Poderia se acrescentar que se observam as mesmas tendências na maioria da imprensa norte-americana, que acaba sendo arrastada pelos problemas ideológicos e não racionais de economia.

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Nesta visão cambial norte-americana, não se explica a diferença com a Alemanha, o Japão e a Coreia com os Estados Unidos. Nesta visão, o dólar, como moeda de reserva, estaria supervalorizado com relação às demais moedas. Mas isto implicaria em considerar que o euro e o iene estariam subestimados, o que não faz sentido, segundo Michael Spence.

Segundo o autor, antes de 2008, os Estados Unidos já estavam a cerca de 10 anos com um consumo insustentável, algo semelhante o que ocorre agora na Europa. Na visão dele, o Ocidente tem uma preocupação excessiva com o câmbio, e não com a produtividade cujos ganhos determinam o crescimento da renda real ao longo do tempo. O consumo interno pode disfarçar o problema por algum tempo, mas ele acabará por aparecer.

O desafio dos Estados Unidos, segundo o autor, é tanto aumentar a sua produtividade como restabelecer as suas ligações com as principais correntes do comércio mundial. A China tem facilitado este aumento da produtividade demandando produções efetuadas na Alemanha, no Japão e na Coreia.

Nos Estados Unidos, a sua política econômica continua focada nos déficits, mas o seu emprego e distribuição da renda continuam sem solução. Segundo Michael Spence, a boa notícia é que, num nível mais profundo, os incentivos entre países avançados e em desenvolvimento estão alinhados. As economias emergentes gostariam que as economias avançadas restaurassem em padrões sustentáveis do crescimento de suas economias, como jogadores que possam auxiliar neste processo, sem se preocuparem tanto com os problemas cambiais.

Tudo indica que o Brasil também necessita preocupar-se mais com os problemas de produtividade e da produção, além dos seus relacionamentos comerciais, para não cair na mesma armadilha dos Estados Unidos.



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