Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Musa da Bossa Nova Nara Leão

14 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , | 3 Comentários »

Não sou só eu que tenho como musa Nara Leão, pois ela era assim considerada por todo o público, não só brasileiro, mas mundial, que apreciava a Bossa Nova. Contribuí, modestamente, para levá-la ao Japão junto com Roberto Menescal para se apresentar na Expo Tsukuba 85, onde eu exercia as funções de comissário do governo brasileiro. O clima estava insuportavelmente frio num auditório aberto, ainda que já na primavera japonesa, mas ela era profissional, cantou com aquele mesmo estilo intimista.

Não sabia que ela já estava doente (poucos sabiam), o que a levava a ter um comportamento mais contido que a sua conhecida timidez, evitando aproveitar as noites em Tóquio, onde os músicos brasileiros já tinham ganhado um espaço significativo, mesmo no início de um longo período onde todos os artistas brasileiros consagrados aproveitavam para gravar no Japão, com a melhor qualidade.

Com que alegria noto estampado no site do www.estadao.com.br que sua filha do casamento com Cacá Diegues, Isabel Diegues, conseguiu com o duro trabalho de três anos reunir tudo que fica disponível a todos no www.naraleao.com.br . Consta da explicação: “Isso tudo precisava estar disponível pra quem quisesse conhecer ou rever a obra de Nara Leão, já que a gravadora não relança os discos”. Tudo foi custeado sem ajuda de órgãos de cultura oficial, nem uso de leis de incentivo. Uma grande “tapa com luva de pelica” de sua filha.

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Roberto Menescal e Nara

O trabalho é colossal, e mostra o desprendimento de Isabel Diegues na sua homenagem à mãe que completaria 70 anos e não cobra direitos autorais. Consagração de Nara Leão ia além da Bossa Nova, para a qual contribuiu muito, foi decisiva. Foi das primeiras que resgatou compositores populares como Cartola, Nelson Cavaquinho, Zé Kéti. Lembro-me bem de "Opinião". Não tinha preconceito da classe média e cantava Roberto Carlos, classificado como Jovem Guarda. Foi da Tropicália à cafonice (que está sendo resgatada recentemente), mostrando que sua formação ia além dos componentes da classe média carioca que ajudaram a consolidar a Bossa Nova. Foi além de João Gilberto e Antonio Carlos Jobim.

Até ao cenário internacional da época, onde muitos cantavam no exterior em português, pensando que Sérgio Mendes era norte-americano. Vi isto, pessoalmente, em 1967 em Kyoto, com um japonês que estava cantando "Só Danço Samba" numa boate, e pensava estar imitando a música em inglês.

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O exemplo que está sendo dado pelo site Nara Leão deve ser seguido por tantos familiares de personagens que elevaram o Brasil de patamar, mostrando que os brasileiros trabalham duro, mas com a alegria de viver. É uma rara combinação que países desenvolvidos ou emergentes conseguem ver no Brasil, que provocou uma criativa miscigenação não só étnica como cultural.


3 Comentários para “A Musa da Bossa Nova Nara Leão”

  1. Paulo Nührich
    1  escreveu às 10:32 em 16 de janeiro de 2012:

    Nara Leão foi muito mais que uma cantora,
    foi uma grande interprete.
    Sua voz não morrerá jamais.

    Paulo Nührich
    Porto Alegre, 16 de janeiro de 2012

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 18:51 em 18 de janeiro de 2012:

    Caro Paulo Nührich,

    Obrigado pelo comentário. Acho que muitos concordam consigo.

    Paulo Yokota

  3. lorena
    3  escreveu às 18:31 em 29 de março de 2014:

    É bem isso mesmo, e agora estou fazendo um trabalho sobre Nara Leão e Bossa Nova muito interessante, importante e a finalidade sera excelente.


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