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Castanha do Pará em Plantações

18 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , | 2 Comentários »

Todos sabem que a castanha do Pará, conhecida no mundo como Brazilian Nuts, é um dos produtos considerados saudáveis. Com alto poder calórico e protéico, contém o selênio que combate os radicais livres. Fruto nativo da Amazônia, vem sendo extraído do Acre até o Pará. Ótimas notícias constam dos artigos de Fernanda Yoneya, que viajou a Itacoatiara, no Estado do Amazonas, publicados no O Estado de S.Paulo de hoje, com os títulos “Cidade amazônica abriga castanheiro” e “Viveiro da Aruanã produz 70 mil mudas”.

Até recentemente, só havia uma produção extrativa, e a boa notícia é que a Fazenda Aruanã está conseguindo suas mudas em escala para a plantação da Bertholletia Excelsa, que é o seu nome científico. Já conta com 4 mil hectares, com mais de um milhão de árvores plantadas, segundo a notícia. Existem adicionalmente 380 mil árvores destinadas à produção orgânica certificada, e todo este elogiável trabalho foi iniciado há 30 anos pelo agrônomo Sérgio Vergueiro. A Fazenda Aruanã conta com o diretor técnico, agrônomo Gabriel Teixeira de Paula Neto.

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Segundo a notícia, esta planta só se torna produtiva depois de 12 anos, e se torna adulta com 15 anos, e até recentemente se acreditava que só poderia ser nativa. Ela produz uma espécie de coco, conhecido como ouriço, que contém cerca de 20 castanhas, que ainda está envolta por uma casca dura. Elas são secadas e vão para um descascamento manual para a extração da amêndoa, passando por outros processamentos.

Hoje, estas castanhas são apreciadas torradas, sendo também utilizadas de formas variadas na culinária. Mas, com a sua produção em larga escala, é possível cogitar-se da produção do seu óleo que é considerado mais fino e saudável que o melhor óleo de oliva. No momento, dispõe-se de uma quantidade muito limitada deste óleo, pois a produção da castanha ocorria da atividade extrativa.

O desenvolvimento destas castanhas do Pará vem ocorrendo com a colaboração dos institutos de pesquisas oficiais, como a Embrapa Amazônia Oriental e INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Para o seu plantio e exploração, Raimundo Nonato Paes Chaves, administrador da Fazenda Aruanã, elaborou uma cartilha para ser utilizada pelos produtores das comunidades rurais. Em 2010 eram 810 famílias de 62 comunidades.

Esta atividade sustentável deve merecer a mais elevada atenção, pois se constitui numa importante alternativa para o desenvolvimento racional da floresta amazônica, como outras que já exploram o guaraná, a seringueira e outros dos seus produtos.

Como a maturação destas castanheiras exige um prazo bastante longo, efetuam-se também plantações consorciadas com palmeiras como as pupunhas, de produção econômica mais rápida. Existem variadas experiências, nas muitas regiões amazônicas, que estas plantações racionais sejam compatibilizadas com os costumes dos habitantes da região. Não se pode transformar, de forma imediata, um ser que vive do extrativismo num produtor rural.

Como na Amazônia exige-se a manutenção de 50% de reservas florestais, as atividades extrativas podem ficar restritas a elas, enquanto plantações podem começar, paulatinamente, nas áreas onde elas são recomendadas, começando pelas que proporcionam rapidamente alimentos, consorciadas com as que exigem longas maturações.

Até o momento, uma das poucas explorações econômicas destas regiões era a pecuária, que acabava derrubando as arvores para a criação de pastagens. Na medida em que se encontram formas de manutenção da floresta, economicamente, toda a humanidade vai aplaudir estas atividades, e sempre estarei entre os primeiros.


2 Comentários para “Castanha do Pará em Plantações”

  1. Aurinha T. Guimarães Silva
    1  escreveu às 13:03 em 16 de maio de 2013:

    Achei muito importante, quando eu vi um documenterio, na TV, sobre a Agromix, da Fazenda Aruanã. Fiquei muito feliz em saber que alguem ou Vs, estão preocupados com futuro desse fruto nativo da Amazônia. Eu nasci em Santarém-Pará, moro em Itajai-SC, há 30 anos, mas gosto muito de castanhas. Sou admiradora da Fazenda Aruanã.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 23:50 em 16 de maio de 2013:

    Cara Aurinha,

    Acho e muitos também, que o aproveitamento tanto da castanha como de outros produtos da biodiversidade amazônica é de vital importância para manter a floresta em pé mais rentável que derrubada. As castanhas continuam tendo potencialidades para melhor aproveitamento, inclusive de azeites da melhor qualidade.

    Paulo Yokota


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