Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Competitividade da Indústria Brasileira

3 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , , ,

Toda a indústria brasileira e até segmentos do governo estão preocupados com o processo que alguns estão chamando como “desindustrialização” brasileira. Além de um câmbio desfavorável, alegam que o chamado “custo Brasil” seria tão elevado que não os permitem competir com os produtos importados, notadamente no setor de máquinas e equipamentos. Dentro deste “custo Brasil”, estariam às deficiências de infraestrutura, encargos salariais exagerados, juros internos elevados, um sistema tributário confuso e pesado, componentes locais onerosos etc.

O governo federal vem se preocupando com o assunto, pois entende que a economia brasileira continuará necessitando de um setor industrial competitivo para manter o seu desenvolvimento. Os tipos de empregos qualificados do setor industrial seriam diferentes dos proporcionados pelas atividades primárias como a mineração e a agropecuária que continuam sustentando as exportações indispensáveis para gerar as divisas externas necessárias. Ao mesmo tempo, preocupa-se com a invasão de empresas estrangeiras no setor, transferindo muitos controles das organizações que antes eram dos brasileiros. Uma parte destes assuntos aparece com frequência na imprensa brasileira, como hoje no jornal O Estado de S.Paulo.

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Hoje, as reclamações se generalizam até com as empresas estrangeiras que já atuam há décadas no Brasil, pois todas elas necessitam complementar o suprimento do mercado interno com as exportações, pois importam componentes e outros produtos e ficam sujeitos aos riscos cambiais. O governo vem tomando algumas medidas pontuais, mas sem que se defina uma clara política industrial que crie as condições para mantê-las competitivas, não só no presente, como nas próximas décadas.

Todos admitem que existem grandes demandas brasileiras, tanto decorrentes de eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, bem como todas as oportunidades decorrentes da exploração do pré-sal e das reservas minerais. Os produtos agropastoris estão exigindo agregação de valor no Brasil, e as deficiências de infraestrutura geram grandes oportunidades de fornecimento.

Há uma consciência que todas estas necessidades não podem ser supridas pelas importações, havendo uma imperiosidade de partes substanciais produzidas no Brasil. Mas tudo isto exige grandes investimentos que só podem ser amortizados a longo prazo, com a garantia das condições para que continuem competitivas por décadas.

Tudo indica que medidas adicionais serão tomadas pelo governo, mas há um receio generalizado que elas continuarão sendo pontuais, não apresentando um conjunto mais completo que deixe clara a elevada prioridade que o governo concede ao assunto, mesmo com as repetidas declarações de diversas autoridades.

Parece ser chegado o momento, aproveitando a crise que se generaliza no mundo globalizado, que um conjunto de medidas coerentes, um verdadeiro sistema, seja estabelecido. O atual governo já completou um ano do seu mandato, e o início deste segundo ano parece uma rara oportunidade para a explicitação de um conjunto de medidas, que deixe o campo das simples declarações de intenções.

Se até países industrializados como o Japão lançam mão de zonas especiais de produção, parece que seria de toda a conveniência que o governo brasileiro explicite um conjunto de medidas que permitam concretizar estas legislações que já estão aprovadas, e que demonstre que passou do discurso para a ação.



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