Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Elio Gasperi Aponta a Sinofobia

8 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: , , ,

Um dos jornalistas brasileiros de maior competência, com longa vivência no exterior, Elio Gasperi escreve na sua habitual coluna na Folha de S.Paulo problemas que estariam acontecendo em determinados setores da economia brasileira que apontam as dificuldades criadas pela China. É um problema que estamos apontando neste site e não ocorre somente no Brasil. Parte da imprensa norte-americana vem atribuindo muitos dos seus problemas não somente às suas dificuldades internas, mas aos chineses. É sempre mais fácil apontar os problemas para o exterior do que os resolver internamente, que exigem opções e sacrifícios.

Todos sabem que não somente a China, mas todos os países emergentes apresentam problemas que vão se resolvendo paulatinamente. As reclamações se concentram nos baixos custos da mão-de-obra que não atendem os atuais reclamos mundiais de adequada proteção dos trabalhadores. Devemos ter a humildade de reconhecer que no Brasil, até recentemente, o número de carteiras de trabalho eram baixo, e que continuam a existir massas de trabalhadores cujos empregadores não arcam com todos os encargos sociais.

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Artigos e noticias vêm apontando que a China procura melhorar o seu sistema educacional e pesquisas tecnológicas. Pelas suas dimensões demográficas, nas últimas décadas observam-se tendências que venham a suplantar até os Estados Unidos, tornando-se a economia mais importante do mundo. Na atual crise, a sua influência internacional vem sendo ressaltada, e tudo isto incomoda muita gente. As autoridades chinesas alegam que importantes parcelas de suas populações continuam com o nível de bem-estar muito baixo, e vão continuar a fazer esforços de desenvolvimento para melhorá-lo, mesmo incomodando o resto do mundo. Parece legítimo que os façam, procurando acomodações com seus parceiros comerciais em todo o mundo, não somente os que fornecem fatores que necessitam como mercados para suas exportações. Ninguém pode negar que, mesmo de forma criticável, procuram enquadrar-se nas regras do OMC – Organização Mundial de Comércio.

O que vem sendo mais difícil, em quase todo o resto do mundo, é criar as condições competitivas semelhantes aos dos chineses. Alguns países do Sudeste Asiático, que também contam com mãos-de-obra baratas, estão o conseguindo, com custos sociais pesados. Todos estão se concentrando nas tecnologias que, aumentando a eficiência de suas produções, possam compensar algumas das vantagens chinesas.

Críticas são feitas sobre as condições políticas em que este processo de desenvolvimento chinês está ocorrendo, e pelos valores hoje vigentes no Ocidente. Mas, observando-se o que já aconteceu no passado, com outros regimes autoritários, nem sempre se pode assegurar que todos contam com as credenciais morais para criticar a China.

O mundo globalizou-se, as comunicações melhoraram, e as pressões sobre a China devem continuar. Mas seria interessante que o resto do mundo também faça suas lições de casa no preparo dos seus recursos humanos, eliminação dos desperdícios, melhor coordenação da política econômica, desenvolvimento tecnológico, além de regimes democráticos para terem todas as condições para exigirem condições razoáveis de competitividade.



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