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Resquícios da Cultura Portuguesa em Amakusa

2 de janeiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

No popular jornal japonês Yomiuri Shimbun, o jornalista Shigeru Ueda relata a sua experiência em Amakusa, uma ilha da província de Kumamoto que preserva importante marcos que os portugueses levaram para o Japão no século XVI. Ele estava atrás de notícias relativas à presença de cristãos na ilha, mesmo quando eles foram perseguidos no final daquele século, mas foi surpreendido por outras informações sobre suas influências em outros importantes aspectos culturais locais.

Ele foi informado sobre uma edição das “Fábulas de Esopo”, impresso pelas técnicas desenvolvidas por Gutenberg naquela ilha, como relatado por Kenichi Miyashita, curador do Collegio Amakusa Center, que exibe documentos levados pelos portugueses para o Japão. O jornalista esperava informações sobre as presenças dos portugueses, mas nunca que Esopo tivesse chegado àquela ilha com seus ensinamentos.

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Igreja católica de Oe e igreja católica de Sakitsu, em Amakusa, Kumamoto

Os portugueses chegaram à Amakusa entre 1591 a 1597, com seus missionários e abriram um colégio na ilha. A imprensa do tipo de Gutenberg era considerada uma tecnologia de ponta na época. As Fábulas de Esopo ficaram conhecidas em japonês como Isoho Monogatari, traduzido para a linguagem local.

Percorrendo pelo Collegio, o autor acabou deparando com outras surpresas. Ouviu uma performance ao vivo de uma música renascentista, utilizando vários instrumentos da época, como o alaúde e a viola. Hoje, a população local utiliza versões modernas destes instrumentos.

O jornalista ouviu a música chamada “Mille Regretz” (Chiji no Kanashimi, em japonês), composta por Ito Mancio e outros membros da missão da juventude Tensho para o lendário Toyotomi Hideyoshi, o que o levou de volta para o século XVI.

A região de Amakusa é composta por uma série de ilhas, com uma cultura própria enraizada. Sua rica história está escondida nas suas montanhas e florestas, onde é possível conhecer marcos das presenças dos cristãos. Existem também documentos antigos relatando as perseguições aos cristãos, como as que sofreram metade da população local da época adeptos do cristianismo, que mediante negociações pacíficas, foi preservada.

Yoshiaki Yamamoto, curador do Centro de Rosário, conduziu o autor do artigo a um antigo casarão, de mais de 200 anos de existência, onde verificaram um sótão onde os cristãos oravam secretamente. As igrejas católicas locais preservam a arquitetura ocidental.

As visitas a estas localidades estão hoje facilitadas, podendo se chegar de aeronaves, demandando cerca de duas horas de Tóquio, via Fukuoka, pois existe um pequeno aeroporto local.



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