Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Cerâmica de Alta Temperatura na Ásia

15 de fevereiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

Hoje, existem cerâmicas de alta temperatura nos mais variados países do mundo, conhecido em inglês como stoneware. Mas os chineses já as produziam há milênios. Há um interessante museu em Sévres, na Franç,a onde se apresenta um quadro cronológico comparativo, como é comum nestas instituições. Os chineses já produziam porcelanas quando os europeus ainda só faziam as cerâmicas de baixa temperatura, parecidas com as dos indígenas brasileiros.

O Museu Raku, de Quioto, encontra-se no atual endereço há 450 anos, sendo considerado um Patrimônio Cultural Registrado, como consta do artigo de Julian Ryall, correspondente do Daily Telegraph no Japão, que publica um artigo a respeito no Highlighting Japan deste mês de fevereiro. Os ateliês dos artistas de cerâmica do Japão existem por dezenas de gerações, como o de Raku Kichizaemon que se encontra na décima quinta geração, produzindo cerâmicas utilizadas nas cerimônias de chá. Existem muitos tipos de cerâmica japonesa atualmente. No Japão, os ceramistas se denominam artesãos, que em algumas partes do mundo, como no Brasil são diferenciados dos artistas, que apresentam criações originais.

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Museu Raku e cerâmica raku de Kikunyu (1918-1980)

Os japoneses aprenderam a cerâmica de alta temperatura na região de Fukuoka, com mestres artesãos coreanos, que trouxeram as técnicas da China, e hoje existem diversas “escolas” de cerâmica, cujos ateliês e fornos existem por dezenas de gerações. O Raku se diferencia por ser queimado em fornos com peças individuais, quando a maioria é queimada nos chamados “noborigama” (fornos em subidas, com diversas câmaras), com muitas câmaras com muitas peças. Os artesãos ficam alimentando o fogo por dias, até atingirem as temperaturas desejadas.

Algumas técnicas preparam inicialmente o barro (que pode levar décadas para ficar pronto), e são moldados de variadas formas, sendo secos naturalmente para depois serem levados ao forno, inicialmente como “biscoitos”. Depois, alguns recebem coberturas de diferentes esmaltes, para serem novamente queimados.

Costuma haver uma cerimônia Shinto nos fechamentos dos noborigamas, simbolizando que tudo que o ser humano pode fazer estava completado, e agora as peças eram submetidas ao fogo, e o produto final dependeria dos deuses. Muitas peças que não atendem aos elevados padrões de exigência dos artesãos são simplesmente quebradas.

Existem algumas técnicas que não levam esmaltes e seus desenhos são formados pelas chamas que incidem de forma diferente nas diversas peças, dependendo da posição que ocupam nos fornos.

O autor do artigo informa que na visita ao Museu sente-se um clima de paz e harmonia que começa com o tipo de construção e do seu jardim. Há um senso de austeridade na feitura das peças que são apreciadas antes que o chá verde seja absorvido nas cerimônias de chá.

Estas cerâmicas diferem das porcelanas que costumam ser coloridas de formas variadas, tendo como seu componente matérias-primas diferentes, e chegam a ser produzidas em quantidade.

As cerâmicas mais apreciadas, elaboradas pelos artesãos que receberam a designação de Tesouros Nacionais Vivos, concedida pelo Imperador do Japão, tem toda a sua produção adquirida para serem expostas nos museus. As técnicas utilizadas necessitam serem as tradicionais.

Honraria similar já existe também na Coreia. E os apreciadores de cerâmica não podem deixar de conhecer o exército de terracota (baixa temperatura) que se encontra em Xian, a antiga capital da China.

Tivemos o privilégio de visitar muitos ateliês das diferentes escolas no Japão, alguns Tesouros Nacionais Vivos, a convite do governo daquele país, acompanhado de alguns amigos e suas esposas, algumas introdutoras de uma galeria de cerâmicas de alta temperatura no Brasil.



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