Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Política Chinesa Segundo Especialistas

28 de fevereiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política

Segundo Elizabeth C. Economy, num artigo divulgado pelo Council on Foreign Relations, os atentos observadores da política chinesa notam que a aparente deserção do vice-prefeito Wang Lijun de Chogqing para voar para Beijing lembra o que aconteceu com Lin Biao. Ele era considerado o sucessor de Mao Zedong, e fugiu num avião para a Mongólia e morreu num desastre, como numa novela. Wang Lijun era considerado o subordinado do radical que desejava a volta ao período mais duro de Mao, Bo Xilai, o poderoso secretário do Partido em Chongqing e pretendente ao cargo no Politburo Standing Committee. Ele acabou caindo de forma ainda obscura.

Mais de 500 protestos diários se tornam visíveis aos chineses e ao resto do mundo. Não há um simples assunto que ligue estes protestos, exceto a má governança. Agricultores, trabalhadores, a classe média, tibetanos e uigures, todos que desejam mudanças mostram na sua face tudo que desejam dizer.

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Elizabeth C. Economy

Enquanto a intriga e a agitação reivindicam as manchetes, o mais interessante pode ser o que não se vê, segundo a autora. Como antecipam alguns analistas, neste ano de transição da liderança, eles estão produzindo ideias na esperança de mudanças que não sejam somente de líderes. Em janeiro, o professor Sun Liping da famosa e poderosa Universidade de Tsinghua divulgou um relatório expondo que a reforma gradual foi estimulando as instituições a endurecerem, e fortes interesses se consolidaram. Ele pediu que a China decidisse por etapas, incluindo mover-se na direção dominante na civilização mundial, que tem como valores: liberdade, racionalidade, os direitos individuais, economia de mercado, política democrática e Estado de Direito.

Um comentário apareceu no People’s Daily em fevereiro, aparentemente para comentar os pontos colocados por Sun Liping, argumentando que a reforma é um risco, mas a não reforma é arriscado para o partido… Um partido que vem governando por longo tempo vai ser muito cauteloso com qualquer coisa que possa atingir a sua base, e assim resistir às mudanças que possam afetar o desenvolvimento de interesses especiais. Citando Hu Jintao, o artigo afirma que não se deve perder a oportunidade de fazer reformas em áreas e ligações chaves, continue-se prosseguindo as reformas e inovações no sistema político, econômico, cultural e social.

Enquanto isto, na frente econômica, o State’s Council’s Development Research Center juntou esforços com o Banco Mundial para pressionar reformas e inovações no sistema massivo de empresas estatais da China, de forma a abrir a economia para uma competição real e ao empreendedorismo. Agora, o que toda Beijing necessita é um século vinte e um com um bom dirigente para executar este pensamento reformista.

A quinta geração de líderes chineses ofereceu até agora poucas indicações de suas preferências políticas, e para o primeiro ano os novos líderes irão consumir simplesmente o tempo para consolidar o poder e garantir que todos os trens de alta velocidade sejam executados em tempo.

Poucos chineses parecem acreditar que a China sobreviva se ficarem presos na transição como em 2006. As aspirações para as mudanças são grandes e vão ficar mais fortes quando os novos líderes ocuparem as suas posições.

Estas análises políticas acabam sendo quase universais em todos os países, mesmo considerando as suas especificidades, principalmente os emergentes, como o Brasil, que também necessitam de reformas para prosseguir no seu processo de desenvolvimento.



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