Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Livro Desmistificando a Economia Chinesa

7 de fevereiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , ,

Justin Yifu Lin, doutorado pela Universidade de Chicago, é o economista-chefe e vice-presidente sênior do Banco Mundial. Ele escreveu o livro “Demystifying the Chinese Economy”, publicado pela Cambridge, cuja resenha foi elaborada por Martin Wolf, principal comentarista de economia do Financial Times.

O próprio autor escreveu um artigo no Project Syndicate sobre o seu livro, informando que o fundamento do crescimento sustentável de qualquer país é a inovação tecnológica. Antes da Revolução Industrial eram os artesãos e os agricultores que os promoviam, o que passou a ser feito pelos cientistas e engenheiros nos laboratórios controlados. A China ficou defasada por 150 anos.

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Segundo o autor, Mao Zedong e outros líderes chineses procuraram reverter a situação e em 1960 tinham a bomba atômica e lançaram seus satélites em 1970. Mas a China era pobre, uma economia agrícola sem uma indústria capital intensiva e competitiva. Com a proteção governamental, subsídios e diretrizes administrativas conseguiram estabelecer a China moderna, mas com distorções.

Com a China passando para a economia de mercado em 1979 com Deng Xiaoping, adotou uma abordagem dual e pragmática, com a rápida privatização e liberação do comércio internacional. Estimulou investimentos externos nos setores de mãos de obra intensivas.

Com isto, conseguiram atingir a estabilidade e um crescimento dinâmico simultaneamente, com um aumento médio anual de 9,9% no PIB e 16,3% no comércio exterior nos últimos 32 anos.

A economia chinesa tornou-se a segunda do mundo, a maior exportadora com mais de 600 milhões de habitantes saindo da pobreza. Mas existem custos com as disparidades de renda, políticas discricionárias em vários setores, domínio dos quatro bancos estatais, mineração com royalties próximos de zero, monopólios na maioria das indústrias, incluindo telecomunicações, energia e serviços financeiros. Estas distorções continuam até a China completar sua transição para o mercado.

O autor se mostra confiante que a China vai superar a atual crise mundial, e acredita que o que aconteceu naquele país pode ser repetido em outras economias, com crescimento por décadas e reduzindo a pobreza. Ele entende que não existe substituto para entender as vantagens comparativas.

Na resenha, Martin Wolf afirma que o livro é uma tradução das aulas do autor na Universidade de Pequim, e proporciona uma visão de um insider daquela economia. Ele explica que a China se atrasou com relação ao Ocidente por causa da visão conservadora de suas lideranças enredadas na sua formação confuciana para ingressar no serviço público.

Ele entende que o professor fez uma distinção importante sobre as estratégias “contestadoras da vantagem comparativa” da maioria dos países emergentes e “seguidoras da vantagem comparativa” da China. O autor recomenda evitar terapias de choque, mas políticas flexíveis e pragmáticas, segundo o comentarista.

Ele afirma que o autor é a favor do desenvolvimento de pequenos e médios bancos para darem apoio às pequenas e médias empresas. Também alerta para os três excessos, como o de investimentos, crédito e superávit comercial.

O livro, segundo o crítico, ainda não é uma obra definitiva, havendo aspectos que não são abordados como os políticos. Mas é rico em informações e o professor acredita firmemente na economia de mercado, informando que o mundo não está nos manuais, uma atitude pragmática que considera elogiável.



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