Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mudanças Necessárias nas Universidades Japonesas

23 de fevereiro de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias, webtown | Tags: , , ,

O anúncio da Universidade de Tokyo, mais conhecida pela abreviação de Today, informando a intenção de alterar o início do seu ano letivo da primavera para o outono, a fim de ajustar-se às universidades norte-americanas e europeias, parece ser o início de outras mudanças, saindo do conservadorismo para a globalização. A medida está provocando um alvoroço na maioria das universidades e faculdades japonesas, pois a mudança acaba exigindo alterações nos cursos secundários, bem como nas épocas para ingresso nas empresas depois de diplomados, conforme noticiado hoje no jornal Nikkei.

Um grande número de expressivas universidades como a de Kyushu, Hitotsubashi, Tsukuba, Instituto de Tecnologia de Tokyo, Waseda, Keio e as antigas universidades imperiais estão apoiando a iniciativa da Todai. A mudança já foi tentada há 25 anos, mas não se conseguiu sua implantação na época. Esta mudança procura facilitar o ingresso em cursos pós-graduados nos Estados Unidos e na Europa, mas a tendência à globalização necessita ser mais ampla, com as mudanças dos programas e formas de encarar o mundo.

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Universidades de Tokyo, Waseda, Hitotsubashi e Keio

Algumas universidades japonesas já aceitam a defesa do mestrado ou do doutorado em inglês, bem como iniciam algumas aulas nesta língua. No entanto, a quantidade de professores com fluência em outros idiomas ainda é baixa no Japão.

A própria forma de ensino ainda é muito restrita à cultura particular do Japão, com uma hierarquia muito forte entre os professores e pesquisadores, com baixa participação ativa dos alunos nos trabalhos. Ainda existe uma mentalidade que eles estão se preparando para trabalhar no país, quando muitos estão sendo obrigados a ser encaminhados para o exterior, sem o adequado preparo no conhecimento de culturas diversas.

As dificuldades de domínio de línguas estrangeiras acabam fazendo com que os estudantes japoneses sejam mais preparados para os cursos de engenharia ou tecnologia, sendo pouco frequentes em humanidades e ciências sociais, onde os intercâmbios verbais acabam sendo mais intensos.

Mesmo com o nível de desenvolvimento atingido pelo Japão, ele esteve mais ligado à tecnologia e a produção industrial, exigindo um menor envolvimento com os países no exterior e suas culturas. Mesmo com a mudança do seu período letivo, tudo indica que o processo de mudança terá que ser mais profundo, preparando estes recursos humanos para uma atuação globalizada.

Este site já postou um artigo mostrando que o número de japoneses que estudam no exterior tem diminuído, quando os norte-americanos, os chineses e outros estão aumentando. Uma reforma profunda parece ser necessária, não se relacionando somente às universidades, mas a todo o sistema educacional do Japão, que já foi considerado de elevada qualidade, mas para as suas necessidades internas, e pouco adequadas para o mundo globalizado.



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