Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Coffee Lab da Barista Isabela Raposeiras

8 de março de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Gastronomia, Notícias, webtown | Tags: , ,

Não sendo um especialista em café, mas como um brasileiro envolvido com sua economia há décadas, fui surpreendido pelos conhecimentos que adquiri neste artigo de elevada qualidade, elaborado por Camilla Veras Mota, publicado no Valor Econômico, referindo-se ao trabalho de Isabela Raposeiras. Apesar de ter postado recentemente um artigo sobre o assunto neste site, não há como deixar de voltar ao assunto. O artigo refere-se ao papel fundamental que Isabela Raposeiras, do Coffee Lab, desempenha atualmente nos novos cenários que enriquecem o campo dos novos apreciadores desta espetacular bebida, tipicamente brasileira.

Tive uma juventude num banco que trabalhava com a warrantagem de café, e me encantava com o aroma da sua torragem para os provadores que tinham que certificar a qualidade dos cafés que serviam de garantia para as operações bancárias. Depois, tornei-me uma modesta autoridade brasileira que cuidava, entre outras coisas, da chamada “conta café”, que era importante para a economia brasileira visando minimizar as flutuações do seu mercado. Cheguei a representar o Brasil na antiga Organização Internacional do Café em Londres, que procurava regular o seu comércio internacional. É preciso recordar, também, que a tese de doutoramento do professor Delfim Netto cuidava do Café no Brasil e a formação do seu preço no mercado internacional. Mas conhecia o problema do sabor do café somente superficialmente.

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Isabela Raposeiras e uma panorâmica de seu Coffee Lab. Fotos publicadas no Valor Econômico

Mais recentemente, vim a conhecer o trabalho da Isabela Raposeiras desde quando ela iniciou o seu ofício de ensino da arte dos baristas. Agora, frequento sempre que possível o Coffee Lab, cujo aroma do café sendo torrado me desperta boas lembranças do passado. E adquiro alguns dos seus produtos realmente diferenciados, que o artigo no Valor Econômico explica porque obtêm esta qualificação.

Ainda que venha de uma época em que o café chegou ao Norte do Paraná, aumentando em quantidade e agravando os seus ciclos, vim acompanhando a sua evolução pelos cerrados, processo que ajudei a financiar. Hoje, novas denominações como Mogiana (tradicional), Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Espírito Santo e Bahia mostram que a sua produção se estendeu pelas regiões que não sofrem das geadas. Com técnicas de plantio como o do renque confinado que, além de facilitar a sua colheita, melhoraram sensivelmente a sua qualidade, não somente pela uniformidade da maturação das frutas, que reduzem seus defeitos.

Nunca me conformava que os cafés colombianos ou os jamaicanos, como o promovido pelas famas como Blue Mountain (sua área de produção é tão pequena que muitos devem ser de outras origens), alcançavam preços mais altos que os selecionados e lavados da Mogiana brasileira.

O artigo esclarece sobre os critérios das avaliações internacionais, semelhantes aos dos vinhos, que não permitiam o café brasileiro obterem boas classificações e a criação do Cup of Excellence por iniciativas de Silvio Leite, Marcelo Vieira e os norte-americanos George Howell e Susie Spindler, dando uma segunda chance para o café brasileiro.

Mas também esclarece os esforços de Isabela Raposeiras, desde as visitas às fazendas para localizar as boas produções localizadas e limitadas, como os aprendizados com o norte-americano Steve Diedrich e os dinamarqueses do Coffee Collective, Klaus Thomsen e Peter Dupont, e do norueguês Tim Wendelboe. Mostraram que a torrefação é também importante, e ela os ensina para os novos baristas que estão melhorando o mercado brasileiro de apreciadores de cafés finos.

Os novos aparelhos de torrefação devem ser conhecidos, e Isabela Raposeiras está dando assistência para os melhores restaurantes brasileiros que passam do estágio dos sachês importados, para os diferenciados do Brasil, enriquecendo as alternativas.

Como outros empresários importantes no mundo, Isabela Raposeiras destaca a importância do mais alto prazer que pode ser obtido somente com uma xícara de bom café por um preço acessível a qualquer brasileiro.

Os mais entusiasmados aplausos a todos estes esforços e sua ampla divulgação.



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