Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Crítica de Peso Sobre a Escolha do Banco Mundial

29 de abril de 2012
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política, webtown | Tags: ,

Ainda que a escolha de Jim Yong Kim, indicado pelos Estados Unidos para a presidência do Banco Mundial seja um fato já consumado, uma posição divulgada pelo Project Syndicate em 27 de abril último por uma experiente personalidade internacional como Jagdish Bhagwati deixa claro que não existe um mínimo de consenso que facilite o trabalho do novo dirigente. O autor é professor de Direito e Economia da Universidade de Columbia, senior fellow do Conselho de Relações Externas, renomado especialista em comércio internacional, trabalhou em posições de destaque em organizações mundiais como a Organização Mundial de Comércio, nas Nações Unidas, no GATT, sendo personalidade internacionalmente respeitada.

Ele deixa claro que o escolhido não tem a experiência necessária nem no setor de sua especialização que é o de saúde pública, não se aproximando da que possui a vencida Ngozi Okonjo-Iweala, ministra de finanças da Nigéria, que já foi também vice-presidente do Banco Mundial. Segundo o autor, não houve a transparência necessária na escolha norte-americana, sendo que Kim viajou por muitas capitais mundiais por conta do Tesouro dos Estados Unidos, e os votos foram dos beneficiários de empréstimos do Banco, como a Índia e o México, sem considerar as qualificações pessoais.

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Jagdishi Bhagwati

Segundo o autor, para uma disputa baseada no mérito, os 25 membros do Executive Board do Banco Mundial deveriam contar com um debate dos candidatos. Deve-se lembrar, no entanto, que escolha tem sido política, e tradicionalmente aceitando-se a indicação dos Estados Unidos. Mas, há uma pressão internacional crescente para que este critério seja alterado com uma ampliação da participação de outros países que ganharam importância mundial.

Segundo o autor, na poderosa mídia internacional liberal, o The Economist posicionou-se a favor da nigeriana, e o The New York Times endossou o norte-americano nascido coreano. Ele expressa pesadamente que não deve ser surpresa se a escolha resultar num retrocesso à causa do desenvolvimento, fazendo o relógio regredir por décadas, inclusive na área da saúde.

Segundo o autor, existem países como a Índia onde o atendimento à saúde está ocorrendo com o treinamento médico disponível, com médicos chamados de descalços (barefoot doctors), ou será necessária que seja somente por profissionais plenamente qualificados?

Observa-se que a divergência é profunda, e a enfática posição expressa pelo autor mostra que as posições oficiais dos países chamados desenvolvidos já não são aceitas sem nenhuma divergência, como vem se registrando no equacionamento de muitas questões internacionais.



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